PROJETO M (FORD DO BRASIL)

PROJETO M
FORD CORCEL
FORD BELINA
FORD CORCEL II
FORD DEL REY
FORD PAMPA

INTRODUÇÃO
Logo acima e logo abaixo, imagens do antigo Ford Corcel, o modelo nacional totalmente original de automóvel popular de tamanho médio fabricado em larga escala pela Ford do Brasil na década de 1970, um grande sucesso de vendas. Na época, era objeto de desejo das famílias brasileiras, principalmente da classe média.
O Projeto M foi um bem sucedido plano industrial privado de criação, desenvolvimento e fabricação em larga escala no Brasil e na França, a partir da década de 1960, da 1ª geração e da 2ª geração de duas famílias totalmente originais de automóveis populares de tamanho médio de carroceria monobloco, baseadas em uma plataforma comum, esta um projeto em conjunto da fabricante brasileira de automóveis Ford do Brasil e da fabricante francesa Renault.

No entanto, os modelos de automóveis desenvolvidos a partir da Plataforma M, pela Ford do Brasil com o Ford Corcel, por exemplo, e pela Renault da França, com o Renault 12, são diferentes no aspecto estético. No Brasil, por exemplo, os primeiros modelos de automóveis da Plataforma M foram o sedã e o cupê familiares Ford Corcel e a perua Ford Belina, dois grandes sucessos de vendas na década de 1970 e, na sequência, na década de 1980, seus derivados melhorados e totalmente reestilizados de 2ª geração, o Ford Corcel II, este um cupê familiar, a Ford Belina, uma perua com duas portas e espaçoso porta malas, o Ford Del Rey, nas versões sedan de duas e quatro portas, e, finalmente, a pick-up leve Ford Pampa, um modelo de entrada do segmento de pick-ups.

O Ford Corcel da  geração, por exemplo, o antigo modelo original da década de 1970, é um automóvel de tamanho médio com dois formatos, um cupê de duas portas e um sedan de quatro portas. Já a  geração da Ford Belina, somente na versão de duas portas, também foi um grande sucesso de vendas, graças à comunalidade de peças, partes e componentes com o automóvel que lhe deu origem, o Ford Corcel, este, por sua vez, um automóvel de dimensões modestas, não exatamente um compacto, mas com espaço interno razoável para uma família de quatro adultos e uma criança.

Dando continuidade ao Projeto M, a Ford do Brasil passou a fabricar na década de 1980 o Ford Corcel II, um cupê familiar de design conservador, a Ford Belina de 2ª geração, somente na versão de duas portas, o Ford Del Rey, um automóvel com versões de duas e quatro portas e, para concluir a formação de uma família completa de automóveis econômicos e populares, a Ford do Brasil lançou o pequeno utilitário Ford Pampa, uma pick-up leve também baseada no Ford Corcel II.

Nas décadas de 1970 e 1980, os principais concorrentes da Família M da Ford do Brasil foram o econômico sedan de duas portas Chevrolet Chevette, de motorização dianteira e tração traseira, a sua versão perua Chevrolet Marajó, somente com duas portas, e a sua versão pick-up leve Chevrolet Chevy 500, os três da mesma família; o econômico sedan compacto Fiat Oggi, a sua versão perua Fiat Panorama, sua versão pick-up Fiat City, conhecida também como Fiat Fiorino, os três da mesma família, o então moderno sedan Fiat Premio e sua versão perua Fiat Elba, ambos da mesma família; o hatchback de motorização e tração traseiras Volkswagen Brasília, a sua versão perua também com motorização e tração traseiras Volkswagen Variant, o fastback de tamanho médio, duas portas, motorização e tração dianteiras Volkswagen Passat, e os recém-chegados Volkswagen Voyage, um sedan médio, a Volkswagen Parati, uma perua média, e a Volkswagen Saveiro, esses três da mesma família e sucessos de vendas em seus segmentos.

FORD MOTOR COMPANY

A americana Ford Motor Company é uma grande e tradicional fabricante de automóveis, pickups, comerciais leves e autopeças. Ela foi a sexta maior fabricante de veículos do planeta em 2017, por exemplo, com 6,6 milhões de unidades fabricadas. Ela foi fundada em 1903 por Henry Ford e está sediada em Dearborn, na região metropolitana de Detroit, nos Estados Unidos. A subsidiária da Ford Motor Company no Brasil é a Ford Motor Company Brasil Ltda, conhecida também como Ford do Brasil, ela foi a sexta maior fabricante e vendedora de veículos do Brasil em 2016, por exemplo, com mais de 180 mil unidades vendidas. Ela foi fundada no Brasil em 1919, mas nos primeiros anos só importava peças e partes de veículos e os montava no Brasil. A partir de 1921, a Ford passou a fabricar, efetivamente, em linha de montagem, automóveis no Brasil.

A Ford Motor Company possui participações societárias / acionárias nas fabricantes de automóveis Changan Ford, na China; Ford Sollers, na Rússia; AutoAlliance, na Tailândia; Ford Otosan, na Turquia; Jingling Motors, na China; Ford Lio Ho, em Taiwan; Aston Martin, uma fabricante de automóveis esportivos de alto luxo, na Inglaterra; e Troller, uma fabricante brasileira de utilitários esportivos.

A multinacional americana é proprietária da fabricante de autopeças Motorcraft.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Logo acima, a Ford Belina da primeira geração, fabricada na década de 1970, um clássico da indústria automobilística ou automotiva nacional, uma das mais práticas, econômicas e funcionais peruas daquela época. Logo abaixo, a Ford Belina na sua segunda geração, fabricada na década de 1980 pela Ford do Brasil, também um clássico respeitado, uma versão melhorada e totalmente reestilizada de perua baseada na mesma Plataforma M.
Os primeiros esboços e as etapas iniciais do projeto do Ford Corcel foram executados no Brasil na década de 1960 por iniciativa da fabricante Willys-Overland do Brasil, que foi comprada em 1967 pela Ford do Brasil, uma subsidiária da gigante americana Ford Motor Company, que por sua vez decidiu dar continuidade ao Projeto M.

A proposta da Ford do Brasil era a de criação, desenvolvimento e fabricação em larga escala de um automóvel de tamanho médio com baixo consumo de combustível, com motorização dianteira e tração dianteira, portanto de manutenção fácil e barata, com construção monobloco e câmbio mecânico de quatro marchas. Seria um modelo de automóvel totalmente original, com alto índice de nacionalização de peças, partes, componentes e mão de obra nos processos de fabricação. Em caso de sucesso do Projeto M, a maior parte das ideias criadas e desenvolvidas para o Ford Corcel seriam estendidas para outro modelo, no sentido de completar o portfólio da Ford do Brasil no segmento de carros médios, a perua Ford Belina, o que de fato aconteceu bem rápido até, com vendas em alta logo nos primeiros anos de fabricação.

A estratégia adotada pela Ford do Brasil foi acertada, o pragmatismo do seu fundador Henry Ford foi refletido pelo Projeto M, com o então simples motor aspirado de 1.300 cilindradas e carburador simples e, posteriormente, nos anos seguintes, uma versão melhorada do motor aspirado, com 1.400 cilindradas, também com carburador simples, o suficiente em torque e potência para movimentar moderadamente a carroceria leve do Ford Corcel, toda em aço. Tinha que ser um automóvel projetado e fabricado para agradar ao consumidor brasileiro típico de classe média, principalmente famílias de quatro ou cinco pessoas. Além disso, o acabamento da versão de entrada do Ford Corcel era simples, despojado e totalmente básico, com painel composto apenas pelo considerado essencial na época, interruptor de acendimento dos faróis, botão de acionamento dos limpadores do para-brisa, alavanca de acionamento das luzes externas de direção, um velocímetro básico, mostrador de temperatura do motor, mostrador de volume de combustível no tanque, mostrador da pressão do óleo lubrificante, mostrador de luz alta, mostrador de funcionamento do alternador / gerador, um modesto ventilador embutido no painel, um modesto rádio AM e um porta-luvas pequeno.

Havia material barato no revestimento interno das portas, material barato também no revestimento dos assentos dianteiros e no assento traseiro. Não havia encostos de cabeça nos assentos dianteiros e no assento traseiro. Naquela época havia somente os cintos de segurança abdominais. Já na parte mecânica e elétrica, era tudo bem simples, pragmático e funcional, ou seja, projetado e fabricado para não quebrar e não apresentar defeitos quando em uso, mas quando quebrava ou parava de funcionar qualquer mecânico ou eletricista com um mínimo de experiência podia consertar. Aliás, várias inovações tecnológicas importantes foram introduzidas no Brasil pela Ford do Brasil no Ford Corcel como, por exemplo, o radiador selado. Antes disso, em vários outros modelos de automóveis de vários fabricantes era necessário completar ou repor água do radiador a cada 150 quilômetros, mais ou menos.

Apesar de não ser um bom exemplo de automóvel espaçoso, o Ford Corcel tinha um design um pouco charmoso e levemente atraente, principalmente a versão cupê e principalmente a partir de 1973, em que recebeu uma leve reestilização. Ele foi um sucesso imediato de vendas da Ford do Brasil, com cerca de 50 mil unidades fabricadas no primeiro ano de vendas, resultado de uma combinação equilibrada de características mecânicas positivas que agradaram ao típico consumidor brasileiro da classe média, com robustez suficiente para enfrentar as duras condições das estradas, rodovias, ruas e avenidas brasileiras. Já a primeira versão da Ford Belina também foi bem aceita no mercado brasileiro, com espaço razoável para pernas e cabeças de quatro adultos, na frente e atrás, e uma criança, na parte central do assento traseiro.

CONTEXTO DA ÉPOCA
Logo acima, o pequeno motor CHT 1.4 do Ford Corcel GT, com 1.400 cilindradas, quatro cilindros em linha e carburador de corpo duplo, com 76 cavalos de potência e 11 kgfm de torque. Logo abaixo, o interior da versão esportiva do automóvel médio da Ford do Brasil, com acabamento um pouco melhor e com alguns esquipamentos a mais no painel.
O mercado brasileiro está, atualmente, entre os dez mais importantes do mundo para praticamente todas as grandes montadoras multinacionais. Entretanto, nas décadas de 1970 e 1980 esse mesmo mercado já era grande. O sucesso do Ford Corcel reforçou essa impressão das quatro montadoras multinacionais instaladas no Brasil, a Ford, a Volkswagen, a General Motors / Chevrolet e a Fiat.

As gigantes multinacionais Ford, Volkswagen, General Motors / Chevrolet e Fiat já estavam no Brasil na década de 1970. A Ford fabricava o Ford Corcel, a Ford Belina, o esportivo Ford Maverick e a pick-up média Ford F-100; a Volkswagen fabricava o Volkswagen Fusca, o Volkswagen Brasília, a Volkswagen Variant e o Volkswagen Passat, dentre outros; a General Motors / Chevrolet fabricava o Chevrolet Chevette, o Chevrolet Opala e a pick-up média Chevrolet D-10, dentre outros; e a Fiat do Brasil dava seus primeiros passos com a fabricação em larga escala do hatch compacto Fiat 147. A fórmula ou receita de sucesso adotada por essas quatro grandes multinacionais americanas e europeias eram robustez, manutenção simples e barata, baixo e/ou razoável custo de aquisição e bom e/ou razoável valor de revenda.

Na verdade, para ser mais preciso, algumas outras montadoras de automóveis já estavam e/ou já tinham passado pelo Brasil nas décadas de 1970 e 1980, dentre elas a Toyota do Brasil, que fabricava em série um antigo SUV - Sport Utility Vehicle chamado Toyota Bandeirante, a versão nacional do Toyota Land Cruiser, mas a Toyota só decidiu fabricar automóveis sedans no Brasil a partir da década de 1990.

Apesar de a Fiat do Brasil ter levado mais de uma década para acertar definitivamente o funcionamento do seu câmbio mecânico, ela já conseguia perceber que precisava se adaptar ao gosto do consumidor brasileiro por funcionalidade. Segundo o Dicionário Michaelis, esse termo tem o sentido de algo, uma máquina ou equipamento, por exemplo, facilmente utilizável na função a que se destina, algo eficiente e eficaz, que surte o efeito desejado. Resumindo, algo que funciona realmente, algo prático, sem complicações.

O mercado brasileiro é pragmático e a propaganda boca-a-boca ainda tem influência sobre a decisão de compra do consumidor. Isso significa, para quem não é brasileiro, não mora no Brasil e ainda não sabe o significado dessa expressão popular, que um consumidor satisfeito em geral fala bem do produto e estimula ou influencia outro consumidor a comprar mais uma unidade do mesmo produto, resultando em algo como se fosse uma reação em cadeia positiva, resultando em um sucesso de vendas. É um mercado que se comporta com alguma resistência no início, mas passa a fazer propaganda gratuita do produto se experimentar e se sentir satisfeito.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Logo acima e logo abaixo, imagens do Ford Corcel II e da Ford Del Rey Belina, esta a segunda geração da perua de tamanho médio, ambos fabricados pela Ford do Brasil durante a década de 1980, também grandes sucessos de vendas
Em 1968, a Ford do Brasil deu início à fabricação em larga escala do primeiro modelo brasileiro da Família M, um automóvel totalmente original, o Ford Corcel, e caso ele conseguisse alcançar um número expressivo de vendas na sequência viria um modelo derivado, a perua Ford Belina. Esses dois modelos foram fabricados em série e vendidos em grande quantidade na década de 1970, os dois modelos com opções movidas a gasolina e, anos mais tarde, quando foi lançado no Brasil o programa Pró-Álcool, com opções movidas a álcool ou etanol. Vale lembrar que na época não havia ainda a tecnologia de motorização flex, que permite adicionar gasolina e álcool, simultaneamente, em qualquer proporção, nos tanques de combustível.

O Ford Corcel começou a ser produzido em série em 1968 como um automóvel de nível de entrada da categoria sedan de tamanho médio, ou seja, um automóvel com três volumes bem definidos, o cofre / vão do motor e o próprio motor, o habitáculo, ou seja, a parte do automóvel em que se acomodam motorista e passageiros e, para completar, o porta malas. Não é um automóvel aerodinâmico, a disposição longitudinal do motor na primeira e segunda gerações do Ford Corcel praticamente impossibilitou qualquer ousadia estética e aerodinâmica. O Ford Corcel da primeira geração foi projetado desde o início com suspensão comum semi-independente na dianteira e antigo eixo traseiro rígido, com barra de aço transversal dependente, com pneus diagonais ou radiais, estes como opcional.

A partir de 1968, a modesta motorização de 1.300 cilindradas do Ford Corcel, aspirada e refrigerada ou arrefecida a água, desenvolvia apenas 68 cavalos de potência e 10 kgfm de torque, o que resultava em um desempenho modesto, precisava de 21 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, em condições normais. Alguns anos depois, a Ford do Brasil percebeu a insatisfação dos consumidores com essa motorização e reagiu às reclamações deles com uma motorização aspirada de 1.400 cilindradas, também arrefecida a água, com 72 cavalos de potência e 11 kgfm de torque, o que resultava em um desempenho um pouco melhor, com 18 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, em condições normais.

O Projeto M se encaixa no segmento de nível de entrada de automóveis, que é aquele segmento em que o baixo peso do monobloco e das demais peças, partes e componentes que formam os respectivos veículos possibilita a adoção de motorizações econômicas e/ou médias, com volumes variando entre 1.000 cilindradas até 2.000 cilindradas. No Brasil, os automóveis dessa família foram disponibilizados ao consumidor com opções de 1.300 cilindradas até 1.800 cilindradas, começando em 1968 com a antiga motorização de 1.300 cilindradas, com carburador simples e refrigerada a água, passando pelas motorizações melhoradas de 1.400 cilindradas e 1.600 cilindradas, nas décadas de 1970 e 1980, com opções de carburador simples e carburador de corpo duplo, para tracionar o Ford Corcel, o Ford Corcel II, a Ford Belina da  e 2ª gerações, e o Ford Del Rey, até chegar a então moderna e eficiente motorização Volkswagen AP1800 combinada com ótimo câmbio mecânico de cinco marchas, ambos da Volkswagen do Brasil, que foi parceira da Ford do Brasil de 1987 até 1996, por meio da joint-venture Autolatina.

O Ford Del Rey, por exemplo, foi fabricado de 1981 até 1991. A Ford do Brasil oferecia nas versões mais caras dele a direção hidráulica, o ar-condicionado e o acabamento em tecidos finos, na época considerados itens de sofisticação presentes apenas em versões mais completas de cada família de automóveis disponível no Brasil. De fato, ele foi o único integrante da Família M a ser considerado um automóvel de luxo, embora na prática, ao compará-lo com o Volkswagen Santana, com o Chevrolet Monza sedan e com o Fiat Tempra, esses três modelos da concorrência apresentam mais tecnologia e mais espaço interno e, portanto, mais conforto. Os sedans médios Chevrolet Monza e Fiat Tempra, por exemplo, concorreram com o Ford Del Rey pelo mesmo público consumidor, todos os três com praticamente o mesmo comprimento, no entanto o aproveitamento de espaço dos sedans da Fiat e da Chevrolet era melhor, graças aos projetos mais modernos, com motorização transversal e porta-malas melhor desenhados.

Na verdade, o Ford Del Rey tinha design polêmico, considerado antiquado em alguns aspectos, inclusive, por uma parte dos potenciais consumidores. Além disso, ele estava subdimensionado, com espaço interno insuficiente para o que a fabricante propunha. Ele já estava tecnologicamente atrasado em alguns aspectos quando foi lançado. Se ele fosse colocado lado a lado com outros modelos de automóveis mais modernos da própria Ford do Brasil como, por exemplo, os bonitos Ford Escort Ghia e Ford Verona GLX, esses dois se sairiam melhor em um comparativo, ambos com melhor aproveitamento de espaço. Mas, curiosamente, apesar de seus pontos fracos, o veterano Ford Del Rey vendeu bem, graças à feliz combinação de características mecânicas positivas da Família M, com manutenção simples e barata, economia de combustível e graças à grande rede de concessionárias da Ford do Brasil, uma das maiores nas décadas de 1980 e 1990.

CORCEL (1ª GERAÇÃO)
CORCEL II (2ª GERAÇÃO)
Logo acima e logo abaixo, espaço interno razoável para quatro adultos e uma criança. Design dos assentos e do painel com linhas e cores simples, com acabamento também simples e sem ousadias estéticas, tudo dentro da média do mercado nacional nas décadas de 1970 e 1980, respectivamente.
O Ford Corcel da  geração é um modelo de automóvel de tamanho médio fabricado em várias versões, entre elas a Corcel Luxo, a Corcel LDO e a Corcel GT, esta com pretensões esportivas. Essas versões de carrocerias cupê e sedan, todas bem econômicas, foram fabricadas em larga escala no Brasil, no município de São Bernardo do Campo, interior do Estado de São Paulo, na década de 1970. Todas as versões do Ford Corcel da  geração foram fabricadas com faróis de desenho circular, com motorizações longitudinais, arrefecidas a água para uso moderado, bem comportado, digamos, para uso urbano e rodoviário, com cilindradas de 1,3 litro e 1,4 litro, com carroceria monobloco de aço, com suspensão semi-independente na dianteira, com molas helicoidais e amortecedores telescópicos, com barra estabilizadora, complementada com rodas de aço, com ou sem calotas, dependendo do modelo; e antigo eixo traseiro rígido, com barra de aço transversal dependente, com dois braços tensores. A grande maioria das unidades fabricadas tinha formato cupê de duas portas, uma tendência do mercado na época.

O nome Ford Corcel é uma alusão aos cavalos velozes usados nas antigas batalhas medievais.

A maioria das versões do Ford Corcel foi fabricada com acabamento simples, mas a cada ano de fabricação melhorias no acabamento interno e na mecânica eram introduzidas, assim o conjunto foi melhorando a cada ano. Ele recebeu vários prêmios de revistas especializadas no Brasil, entre eles o título de Carro do Ano pela Revista Auto Esporte em 1969 e 1973. O carro foi projetado para cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas na prática é possível transportar com razoável conforto quatro pessoas adultas e mais uma criança no centro do banco traseiro, com ou sem assento de elevação fixado, dependendo da idade. Um quinto ocupante adulto é possível, mas viajaria com algum desconforto. Nas rodovias, com cinco pessoas a bordo e bagagem, o comportamento do Ford Corcel é normal, com estabilidade razoável, até mesmo nas primeiras versões fabricadas.

A partir de 1973, a Ford do Brasil passou a fabricar o Ford Corcel com uma leve reestilização estética inspirada nas linhas do ousado esportivo Ford Maverick, tornando a versão cupê mais agradável e levemente atraente. Várias versões do Ford Corcel da primeira geração passaram então a ser fabricadas com motorização aspirada de 1.400 cilindradas, disponível com carburador simples ou carburador de corpo duplo, dependendo da versão, desenvolvendo ainda modestos 72 cavalos de potência ou 76 cavalos e cerca de 11 kgfm de torque, respectivamente, nas opções a gasolina. Como a reação do público consumidor à leve reestilização de 1973 foi positiva, a Ford do Brasil deu mais um passo a frente, com mais uma leve reestilização do Ford Corcel em 1975, também inspirada nas linhas do esportivo.

Em 1978, a Ford do Brasil reestilizou novamente o seu carro chefe de vendas, com o lançamento do Ford Corcel II, a nova versão do seu modelo mais vendido, usando e abusando de linhas semi-retas, uma tendência estilística adotada por várias fabricantes de automóveis, no Brasil e no exterior, entre elas a Volkswagen do Brasil, com o hatchback Volkswagen Brasília, a perua Volkswagen Variant e o fastback médio Volkswagen Passat. Assim, a Ford do Brasil colocou de lado as linhas fluidas e levemente arredondadas, um pouco aerodinâmicas até, do seu Ford Maverick para imprimir um visual mais conservador ao Ford Corcel II, o seu carro familiar.

Vale ressaltar que, de modo geral, o limite médio atual de velocidade estabelecido para as rodovias brasileiras é de cerca de 100 km/h para os chamados veículos leves de passeio, praticamente o mesmo limite de velocidade estabelecido por lei nas décadas de 1970 e 1980. Mesmo assim, essa motorização de 1.400 cilindradas do Ford Corcel, fabricadas na década de 1970, ainda deixava a desejar. Como resposta às reclamações do clientes, a Ford Brasil disponibilizou no Ford Corcel II, já com design totalmente novo, a partir de 1980, a motorização de 1.600 cilindradas e 73 cavalos líquidos de potência, pelos critérios da ABNT, e 12 kgfm de torque, com a vantagem dos pneus radiais, resultando em uma performance melhorada em relação à motorização anterior. Ele precisava de 17 segundos para acelerar de 0 a 100 km/ h, em condições normais.

A partir de então o Ford Corcel II passou a ter um conjunto equilibrado, com melhor isolamento acústico, com carroceria de dimensões razoáveis para o consumidor típico brasileiro de perfil familiar, honrando a proposta do fabricante de oferecer um veículo leve de passeio de uso moderado, dedicado a transportar a família, na cidade e na rodovia, nos dias se semana, para ir ao trabalho, para fazer compras e levar os filhos à escola, e nos finais de semana e feriados, para ir à praia de dia e para ir à igreja à noite.

Na década de 1980, o sedan médio Ford Corcel II foi fabricado somente com versões cupê de duas portas, entre elas a versão Corcel L, mais básica, a versão Corcel LDO, intermediária, e a versão Corcel GT, com visual alusivo à esportividade. O tão aguardado câmbio mecânico de cinco marchas foi introduzido no Ford Corcel II com motorização de 1.600 cilindradas em 1980, melhorando o consumo e reduzindo o ruído do veículo nas rodovias. A tampa do porta malas é bem definida e dá acesso ao compartimento traseiro para cerca de 350 litros de bagagens, uma das razões para o seu sucesso no mercado brasileiro entre os automóveis médios, na década de 1980.

O Ford Corcel e o Ford Corcel II foram desenvolvidos no Brasil e para o mercado brasileiro, os resultados finais foram considerados satisfatórios pelo mercado nacional e considerados razoáveis pela imprensa, eram algumas das melhores opções nacionais entre os automóveis sedans de tamanho médio, com 2,4 metros de distância entre os eixos e 4,4 metros de comprimento total, resultando em um porta-malas com volume total de aproximadamente 350 litros.

O Ford Corcel da primeira geração foi fabricado a partir de 1968, tendo sido substituído pelo Ford Corcel II em 1978, que por sua vez foi fabricado até 1986. Ao todo, foram fabricadas mais de 1.000.000 unidades de ambos os modelos. O Ford Corcel II foi substituído na linha de montagem pelo Ford Escort que, embora um pouco mais curto em comprimento total, era mais moderno, tinha melhor aproveitamento de espaço, o que resultava em praticamente o mesmo nível de conforto.

CORCEL BELINA (1ª GERAÇÃO)
DEL REY BELINA (2ª GERAÇÃO)
Logo acima, espaço interno razoável para quatro adultos e uma criança dentro da Ford Belina, um dos modelos de peruas mais bem sucedidos no mercado brasileiro na década de 1970. Logo abaixo, com um olhar atento percebe-se o design dos assentos, do volante e do painel com linhas e cores simples, com acabamento também simples e sem ousadias estéticas da Ford Belina II, fabricada na década de 1980.
A Ford Belina da  geração, é um econômico automóvel do tipo perua de tamanho médio, fabricado em larga escala no Brasil na década de 1970. Todas as versões da Ford Belina da  geração foram fabricadas com motorizações longitudinais, arrefecidas a água para uso moderado, urbano e rodoviário, com cilindradas variando entre 1,3 litro até 1,4 litro, com carroceria monobloco de aço, com suspensão semi-independente nas rodas dianteiras, com braços, e antigo eixo traseiro rígido, com barra de aço transversal dependente, todas as versões fabricadas com duas portas ou três portas, se levarmos em consideração a porta traseira que dá acesso ao seu bom porta malas. A maioria das versões da Ford Belina foi fabricada com acabamento simples.

Na década de 1970, a Ford Belina foi fabricada somente com três portas, com duas portas laterais para acesso do motorista, do seu acompanhante e dos passageiros do banco de trás. Hoje em dia pode até parecer meio estranho para alguns uma perua com apenas duas portas laterais, mas na década de 1970 era comum no Brasil automóveis com apenas duas portas laterais, mesmo em automóveis voltados para uso familiar. Naquela época, a maioria dos carros oferecidos para uso familiar tinham duas portas laterais. Apenas alguns poucos modelos familiares tinham quatro portas laterais.

Uma das possíveis explicações para essa preferência do consumidor brasileiro por automóveis com apenas duas portas laterais naquela época seria a de que os pais tinham medo que as crianças sentadas no banco de trás dos automóveis de quatro portas abrissem-nas com os automóveis em movimento, o que poderia causar acidentes. Hoje em dia, esse risco não existe mais porque os automóveis modernos passaram a ser fabricados com o sistema de trava central elétrica.

A terceira porta da Ford Belina é a peça metálica traseira articulável para acesso ao porta malas, com um vidro traseiro integrado.

De forma semelhante ao Ford Corcel, a Ford Belina foi pensada pelos seus projetistas para transportar cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas na prática é possível transportar com razoável conforto quatro pessoas adultas e mais uma criança no centro do banco traseiro, com ou sem assento de elevação fixado, dependendo da idade. Um quinto ocupante adulto é possível, mas viajaria com algum desconforto. Nas rodovias, com cinco pessoas a bordo e bagagem, o comportamento da Ford Belina também é normal, com estabilidade razoável, até mesmo nas primeiras versões fabricadas.

Como o limite médio atual de velocidade estabelecido para as rodovias brasileiras é de cerca de 100 km/h para os chamados veículos leves de passeio, praticamente o mesmo limite de velocidade estabelecido por lei nas décadas de 1970 e 1980, os números de velocidade máxima da Ford Belina não faziam muita diferença para o seu consumidor típico de classe média, com perfil familiar, que dava (e ainda dá), naturalmente, prioridade aos aspectos de segurança, conforto e economia. Mesmo assim, essa motorização de 1.300 cilindradas das primeiras versões da Ford Belina fabricadas na década de 1970, também deixava e ainda deixa a desejar, principalmente nas ultrapassagens. Era uma reclamação comum dos proprietários do Ford Corcel e da Ford Belina e, como resposta às reclamações do clientes, a Ford do Brasil disponibilizou a partir de 1973 a motorização de 1.400 cilindradas na Ford Belina, com performance um pouco melhorada em relação à motorização anterior.

A partir de 1973, então, a Ford Belina também passou a ter um conjunto razoável, com carroceria de dimensões consideradas médias para o consumidor típico brasileiro de perfil familiar, honrando a proposta do fabricante de oferecer um veículo leve de passeio de uso moderado, bem comportado, dedicado a transportar a família, na cidade e na rodovia, nos dias de semana e nos finais de semana e feriados.

Os freios são a discos nas rodas dianteiras e tambores nas rodas traseiras.

Na década de 1980, a perua média Ford Del Rey Belina de 2ª geração também foi fabricada somente com duas portas e design de linhas semi-retas inspiradas no Ford Corcel II e no Ford Del Rey, os carros que lhe deram origem. A terceira porta traseira da Ford Del Rey Belina é bem definida e dá acesso ao compartimento traseiro para aproximadamente 500 litros de bagagens, uma das razões para seu sucesso no mercado brasileiro entre as peruas médias, na década de 1980, geralmente com preços mais acessíveis que peruas de luxo maiores, como a Opala Caravan Diplomata, por exemplo.

A partir da 2ª geração, o câmbio manual de cinco velocidades ou marchas foi introduzido, juntamente com outros itens de segurança e conforto, principalmente nas versões mais caras, como, por exemplo, o para-brisa laminado, o revestimento em veludo nos assentos, o painel de instrumentos mais completo, o ar condicionado, o acionamento elétrico dos vidros e a trava elétrica das portas.

A Ford Del Rey Belina, conhecida também como Belina II, foi desenvolvida no Brasil e para o mercado brasileiro, o resultado final foi considerado satisfatório pelo mercado nacional e considerado bem razoável pela imprensa, era uma das melhores e mais populares opções nacionais entre as peruas médias, com 2,4 metros de distância entre os eixos e com comprimento total de cerca de 4,5 metros, resultando em um porta-malas com volume total de aproximadamente 500 litros.

Nas décadas de 1970 e 1980 foram fabricadas mais de 400.000 unidades de ambas as gerações da Ford Belina.

FORD DEL REY
Logo acima, o design externo conservador do Ford Del Rey, uma tentativa da Ford do Brasil de conquistar uma parcela mais rica do mercado, composta de consumidores que preferem discrição. Logo abaixo, espaço interno razoável para quatro adultos e uma criança. Design suave e agradável dos assentos e design do painel com linhas semi-retas, com acabamento em geral mais caprichado que nos demais membros da família.
O Ford Del Rey é um modelo de automóvel de tamanho médio fabricado em várias versões, entre elas a Del Rey Ouro e a Del Rey Prata, nos primeiros anos e, posteriormente, nos anos seguintes, as versões Del Rey L, Del Rey GL, Del Rey GLX e Del Rey Ghia, com versões de carrocerias sedan de duas portas e quatro portas, todas bem econômicas, fabricadas em larga escala no Brasil na década de 1980. Todas as versões do Ford Del Rey foram fabricadas com motorizações longitudinais e aspiradas, arrefecidas a água para uso moderado, urbano e rodoviário, com cilindradas de 1,6 litro e 1,8 litro, com carroceria monobloco de aço, com suspensão semi-independente nas rodas dianteiras e antigo eixo traseiro rígido, com barra de aço transversal dependente, todo o conjunto com molas helicoidais e amortecedores.

O Ford Del Rey foi o único integrante da Família M com a pretensão de ser chique. O objetivo da Ford do Brasil era conquistar o consumidor de poder aquisitivo mais alto, e, embora o produto não estivesse à altura desse mesmo público consumidor mais exigente e atento a detalhes, as vendas foram boas, até para surpresa da própria Ford do Brasil, que, na época, dava sinais de não querer investir em um projeto de fabricação no Brasil de um automóvel sedan totalmente novo de tamanho médio ou trazer de fora um projeto superior já existente, para fabricar um sedan mais moderno e elegante no Brasil, como o Ford Mondeo, por exemplo, que na época já estava na fase de gestação dentro da Ford Motor Company, a matriz americana, e suas subsidiárias europeias.

A maioria das versões do Ford Del Rey foi fabricada com acabamento melhor que a média do mercado de automóveis nacionais de tamanho médio na época e a cada ano de fabricação melhorias no acabamento interno, na mecânica, na elétrica e na eletrônica embarcada eram introduzidas, acompanhando a evolução da mecânica, da elétrica e da eletrônica dos demais veículos fabricados pela Ford do Brasil, incluindo o desembaçador elétrico do vidro traseiro, o ar-condicionado, os comandos elétricos dos vidros, a direção hidráulica (a partir de 1986), o conta-giros, a trava central elétrica com alarme anti-roubo, os cintos de segurança de três pontos, as regulagens de altura e inclinação dos assentos dianteiros, os encostos de cabeça nos assentos dianteiros e no assento traseiro, o isolamento acústico superior, as luzes internas de cortesia, entre outros itens de segurança e conforto.

O carro foi projetado para cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas na prática é possível transportar com razoável conforto quatro pessoas adultas e mais uma criança no centro do banco traseiro, com ou sem assento de elevação fixado, dependendo da idade. Um quinto ocupante adulto é possível, mas viajaria com algum desconforto. Nas rodovias, com cinco pessoas a bordo e bagagem, o comportamento do Ford Del Rey é normal, com estabilidade razoável, até mesmo nas primeiras versões fabricadas.

O câmbio automático de três marchas foi disponibilizado como opcional no Ford Del Rey, com motor Ford CHT 1.6, a partir de 1983. Entretanto, o melhor Ford Del Rey fabricado foi a versão Ford Del Rey 1.8 Ghia, com motorização Volkswagen AP1800 e câmbio mecânico de cinco marchas da Volkswagen.

O Ford Del Rey foi fabricado até 1991, tendo sido substituído com vantagens pelo sedan nacional Ford Versailles e pelo moderno e bonito sedan importado Ford Mondeo, este sim um veículo à altura de um público mais exigente, de poder aquisitivo mais alto e disposto a pagar mais por um produto de qualidade superior e com bom nível de sofisticação e refinamento. Ao todo, foram fabricadas mais de 350.000 unidades de todas as versões do Ford Del Rey.

Aliás, a Ford do Brasil não chegou a fabricar aqui no Brasil o Ford Mondeo, embora houvesse mercado potencial para ele. E até pouco tempo atrás ela preferia importar do México o Ford Fusion, um sedan de luxo.

FORD PAMPA
Logo acima, carroceria baseada no Ford Corcel II, com praticamente as mesmas dimensões da parte dianteira do habitáculo do sedan médio. Logo abaixo, espaço bem razoável na caçamba para transporte urbano, rodoviário e até rural de cargas leves.
A Ford Pampa é uma pick-up leve utilitária, com dimensões compactas, fabricada em larga escala no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Todas as versões da Ford Pampa foram fabricadas com motorizações longitudinais, para uso moderado, urbano e rodoviário, com cilindradas de 1,6 litro e 1,8 litro, dependendo da versão, com carroceria monobloco de aço, com suspensão semi-independente nas rodas dianteiras e uma boa combinação de feixe de molas semi-elípticas longitudinais e barra de aço transversal ligando as duas suspensões traseiras. Várias versões da Ford Pampa foram fabricadas, entre elas a Pampa L, a Pampa GL, a Pampa S e a Pampa Ghia, algumas mais simples e outras com acabamento mais caprichado.

Essa pick-up leve da Ford do Brasil foi lançada em 1982. Ela foi pensada pelos seus projetistas para transportar duas pessoas adultas. A principal e óbvia função da pick-up leve utilitária fabricada em larga escala pela Ford do Brasil é transportar cargas leves em sua caçamba de dimensões razoáveis, com capacidade para até 600 quilogramas, um pouco mais que sua principal concorrente na década de 1980, a Volkswagen Saveiro.

O nome Ford Pampa é uma alusão a uma raça de cavalos de aspecto malhado.

Várias versões da Ford Pampa foram fabricadas, entre elas versões 4X2 e versões 4X4, esta com tração nas quatro rodas. A grande maioria das unidades fabricadas foram das versões 4X2, de tração dianteira. As primeiras versões saíam de fábrica com motor de 1.600 cilindradas, de quatro cilindros em linha, de oito válvulas no total, com carburador e refrigeração ou arrefecimento a água, que desenvolve modestos 73 cavalos líquidos de potência e cerca de 12 kgfm de torque, considerando os critérios da ABNT, nas opções a gasolina. Esse motor é o mesmo que traciona o Ford Corcel II, este ainda em linha de produção na época em que a Ford Pampa foi lançada. Anos depois, a Ford do Brasil disponibilizou ao consumidor brasileiro a motorização de 1.800 cilindradas da Volkswagen na Ford Pampa.

A partir de 1982, a Ford Pampa já possuía um conjunto equilibrado e com motorização de 1.600 cilindradas, com carroceria de dimensões bem razoáveis para o consumidor típico brasileiro de perfil profissional urbano e rural, incluindo autônomos e pequenos proprietários rurais, honrando a proposta do fabricante de oferecer um veículo utilitário leve, com baixo consumo de combustível, para uso moderado urbano, rodoviário e rural no transporte de cargas leves, incluindo máquinas, equipamentos e produtos agrícolas.

A Ford Pampa foi desenvolvida no Brasil, para o mercado brasileiro, e o resultado final foi considerado satisfatório pelo mercado nacional e considerado bem razoável pela imprensa. Era uma das melhores e mais populares opções nacionais entre as pick-ups leves, uma das mais vendidas, e competia diretamente com a Volkswagen Saveiro e com a Fiat Fiorino. A sua produção foi encerrada em 1997, com mais de 380.000 unidades fabricadas, somando a produção de todas as versões.

Ela foi substituída aqui no Brasil pela pick-up compacta Ford Courier, a versão pick-up do automóvel compacto Ford Fiesta.

MERCADO
Logo acima e logo abaixo, imagens de algumas das versões do Ford Corcel II e da Ford Belina II, respectivamente. Com um olhar atento, percebe-se a simplicidade das formas externas dos dois modelos, mesmo depois de serem submetidos às reestilizações da segunda geração da família.
As décadas de 1970, 1980 e 1990 foram marcadas por instabilidades de intensidade variável nas conjunturas econômicas brasileira e mundial, com recessões econômicas seguidas e crises de naturezas variadas em várias partes do mundo, com reflexos no Brasil. O mundo passou, por exemplo, pela crise do petróleo na década de 1970, as recessões econômicas dos países chamados Tigres Asiáticos na década de 1990 e a Guerra Irã / Iraque na década de 1980.

O Brasil, por exemplo, sobreviveu a uma ditadura militar de vinte anos, iniciada na década de 1960 e só terminada na década de 1980. Na década de 1980, o Brasil sobreviveu também a uma conjuntura econômica marcada por inflação altíssima, planos econômicos fracassados, baseados em congelamentos de preços e outras surpresas desagradáveis, descontrole dos gastos dos governos Federal, estaduais e municipais, reserva de mercado, poucos investimentos governamentais em infraestrutura de transportes, excesso de intervenção do Estado na economia por meio da burocracia estatal sobre o mercado, demasiada concentração de renda de pessoas físicas, desemprego alto, confisco de economias populares depositadas em contas de poupança, empréstimos compulsórios, dentre outros problemas sociais.

Sobreviver a tudo isso era um exercício de paciência, determinação e perseverança, trabalho, inteligência e adaptabilidade das pessoas físicas e jurídicas. Na década de 1960, se a Ford do Brasil não tivesse tomado a sensata decisão de dar continuidade ao Projeto M, composto por uma econômica família de automóveis de tamanho médio, ela teria ficado pra trás no mercado nacional com os efeitos da crise do petróleo na década de 1970, sem um modelo adaptado às então novas faixas de preços altos do combustível.

O Projeto M foi um dos maiores sucessos comerciais da história da indústria automobilística ou automotiva brasileira. Ele conseguiu se manter firme no mercado nacional por quase três décadas seguidas, com uma fabricação em larga escala de um total de seis modelos, vendidos em cerca de 30 versões diferentes. A Ford do Brasil fabricou cerca de 2,1 milhões de unidades de automóveis da Família M, versões do Ford Corcel, da Ford Belina de  e 2ª gerações, do Del Rey, do Ford Corcel II e da Ford Pampa. É uma das famílias de automóveis mais bem sucedidas da história da indústria automobilística nacional.

O Projeto M foi o principal responsável por manter a Ford do Brasil numa posição confortável, por duas décadas, entre as maiores fabricantes de automóveis do Brasil. A criação, o desenvolvimento e a fabricação em série e em larga escala da Família M no Brasil veio atender a uma demanda reprimida do consumidor brasileiro por automóveis mais modernos e eficientes na década de 1970. É claro que essa família de automóveis envelheceu, digamos, com o passar do tempo, não poderia ser diferente, é o ciclo de vida do produto, uma expressão usada em Marketing para descrever o fenômeno conhecido assim nos meios empresariais.

O Ford Corcel foi substituído na linha de produção, com nítidas vantagens, pelo Ford Escort e pelo Ford Verona. Mas, talvez, se a Ford do Brasil tivesse ousado um pouco mais, disponibilizando no Brasil um portfólio mais completo, composto pelo compacto Ford Fiesta, pelo médio Ford Escort, pelo Ford Verona e trazendo ao Brasil o projeto do Ford Mondeo fastback para subsituir o Ford Corcel II e o Ford Mondeo sedan para substituir o Ford Del Rey, fabricando esses dois modernos modelos de automóveis no Brasil, ela teria conseguido se manter por mais tempo entre as três maiores fabricantes de automóveis do Brasil, considerando receitas, número total de unidades vendidas, lucratividade e rentabilidade.

A Ford do Brasil chegou a exportar por algum tempo versões do Ford Corcel II, da Belina de 2ª geração e do Ford Del Rey para a Venezuela.

FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

FORD CORCEL (1ª GERAÇÃO)

  • Capacidade: 1 motorista e 4 passageiros;
  • Motorização / potência: 1.3 aspirada (68 cavalos / 10 kgfm);
  • Motorização / potência: GT 1.3 aspirada
  • Motorização / potência: 1.4 aspirada (72 cavalos / 11 kgfm);
  • Motorização / potência: GT 1.4 aspirada (76 cavalos / 11 kgfm);
  • Taxa de compressão: 8:1;
  • Entre eixos (espaço interno): Aprox. 2,4 metros;
  • Estrutura: Monobloco de aço;
  • Porta malas: Aprox. 350 litros;
  • Comprimento: Aprox. 4,5 metros;
  • Largura: Aprox. 1,6 metro;
  • Altura: Aprox. 1,37 metro;
  • Peso (sem ocupantes e bagagem): Aprox. 950 kg;
  • Tanque combustível: Aprox. 51 litros;
  • Suspensão dianteira: Semi-independente, molas e amortecedores;
  • Suspensão traseira: Eixo rígido transversal, molas e amortecedores;
  • Altura livre monobloco / solo: Aprox. 20 centímetros;
  • Freios: Discos na dianteira e tambores na traseira;
  • Pneus: 165 / Diagonais (de série) ou radiais (opcional);
  • Ultrapassagem / 80 a 120 km / h / 4ª marcha: Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.3): Aprox. 21 segundos;
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.4): Aprox. 18 segundos;
  • Consumo / gasolina (1.3): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.3): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox.
  • Ruído interno / gasolina (1.3 e 1.4): Aprox.
  • Preço (1.3); Aprox.
  • Preço (1.4): Aprox. R$ 18.000,00 (usado / bom estado de conservação);

FORD BELINA (1ª GERAÇÃO)
  • Capacidade: 1 motorista e 4 passageiros;
  • Comprimento: Aprox. 4,5 metros;
  • Largura: Aprox. 1,6 metro;
  • Altura: Aprox. 1,4 metro;
  • Entre eixos (espaço interno): Aprox. 2,4 metros;
  • Motorização / potência: 1.3 aspirada (68 cavalos / 10 kgfm);
  • Motorização / potência: 1.4 aspirada (72 cavalos / 11 kgfm);
  • Motorização: Comando de válvulas no bloco, quatro cilindros em linha; 
  • Taxa de compressão: 8:1;
  • Transmissão: Câmbio manual de quatro velocidades ou marchas;
  • Tração: Dianteira;
  • Estrutura: Monobloco de aço;
  • Porta malas: Aprox. 500 litros;
  • Peso (sem ocupantes e bagagem): Aprox. 999 kg;
  • Tanque combustível: Aprox. 63 litros;
  • Suspensão dianteira: Semi-independente, com molas, amortecedores e barra;
  • Suspensão traseira: Dois braços tensores;
  • Altura livre monobloco / solo: Aprox. 20 centímetros;
  • Freios: Discos na dianteira e tambores na traseira;
  • Pneus: 165 / Diagonais (de série) ou radiais (opcional);
  • Ultrapassagem / 80 a 120 km / h / 4ª marcha: Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h: Aprox. 23 segundos;
  • Consumo / gasolina (1.3): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.3): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox.
  • Ruído interno / gasolina (1.3 e 1.4): Aprox.
  • Preço (1.3); Aprox.
  • Preço (1.4): Aprox.

FORD CORCEL II
  • Capacidade: 1 motorista e 4 passageiros;
  • Motorização / potência: 1.4 aspirada (72 cavalos / 11 kgfm);
  • Motorização / potência (líquida): 1.6 aspirada (70 cavalos / 11 kgfm);
  • Entre eixos (espaço interno): Aprox. 2,4 metros;
  • Estrutura: Monobloco de aço;
  • Porta malas: Aprox. 350 litros;
  • Comprimento: Aprox. 4,4 metros;
  • Largura: Aprox.
  • Altura: Aprox. 1,37 metro;
  • Peso (sem ocupantes e bagagem): Aprox. 960 kg;
  • Altura livre monobloco / solo: Aprox. 20 centímetros;
  • Tanque combustível: Aprox. 51 litros;
  • Suspensão dianteira:
  • Suspensão traseira:
  • Freios: Discos na dianteira e tambor na traseira;
  • Pneus: Radiais;
  • Ultrapassagem / 80 a 120 km / h / 4ª marcha: Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.4): Aprox. 23 segundos;
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.6): Aprox. 17 segundos;
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Ruído interno / gasolina (1.4 e 1.6): Aprox.
  • Preço (1.4); Aprox.
  • Preço (1.6): Aprox.

FORD BELINA (2ª GERAÇÃO)
  • Capacidade: 1 motorista e 4 passageiros;
  • Comprimento: Aprox. 4,5 metros;
  • Largura: Aprox. 1,7 metro;
  • Altura: Aprox. 1,37 metro;
  • Entre eixos (espaço interno): Aprox. 2,4 metros;
  • Motorização / potência (líquida): 1.6 aspirada (73 cavalos / 12 kgfm);
  • Taxa de compressão: 
  • Motorização / potência: 1.8 aspirada (98 cavalos / 14 kgfm);
  • Taxa de compressão:
  • Transmissão: Câmbio manual de cinco velocidades ou marchas;
  • Tração: Dianteira;
  • Estrutura: Monobloco de aço;
  • Porta malas: Aprox. 500 litros;
  • Altura livre monobloco / solo: Aprox. 20 centímetros;
  • Peso (sem ocupantes e bagagem): Aprox. 1.050 kg (sem ar-condicionado);
  • Peso (sem ocupantes e bagagem): Aprox. 1.100 kg (com ar-condicionado):
  • Tanque combustível: Aprox. 63 litros;
  • Suspensão dianteira: Independente, com braços triangulares, amortecedores e molas;
  • Suspensão traseira: Eixo rígido, barra estabilizadora e molas;
  • Freios: Discos na dianteira e tambor na traseira;
  • Pneus: Radiais;
  • Ultrapassagem / 80 a 120 km / h / 5ª marcha: Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.4): Aprox. 23 segundos;
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.6): Aprox. 21 segundos;
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.8): Aprox. 14 segundos;
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox. 8 km / litro (cidade)
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.8): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.4): Aprox. 12 km / litro (rodovia);
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.8): Aprox.
  • Ruído interno / gasolina (1.4 e 1.6): Aprox.
  • Preço (1.4); Aprox.
  • Preço (1.6): Aprox.
  • Preço (1.8): Aprox.

FORD DEL REY
  • Capacidade: 1 motorista e 4 passageiros;
  • Motorização / potência (líquida): 1.6 aspirada (70 cavalos / 11 kgfm);
  • Motorização / potência: 1.8 aspirada (98 cavalos / 14 kgfm);
  • Taxa de compressão (gasolina): 8,0:1;
  • Carburador (gasolina): Corpo duplo;
  • Alternador: 14 volts e 30, 40 ou 50 ampères, dependendo da versão;
  • Entre eixos (espaço interno): Aprox. 2,4 metros;
  • Estrutura: Monobloco de aço;
  • Porta malas: Aprox. 320 litros;
  • Comprimento: Aprox. 4,5 metros;
  • Largura: Aprox. 1,7 metro;
  • Altura: Aprox. 1,36 metro;
  • Peso (sem ocupantes e bagagem): Aprox. 1.100 kg (com ar-condicionado);
  • Tanque combustível: Aprox. 57 litros;
  • Suspensão dianteira:
  • Suspensão traseira:
  • Altura livre monobloco / solo: Aprox.
  • Freios: Discos na dianteira e tambor na traseira;
  • Pneus: Radiais 185 / 70 R13;
  • Ultrapassagem / 80 a 120 km / h / 4ª marcha: Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.6): Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.8): Aprox. 14 segundos;
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.8): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.8): Aprox.
  • Ruído interno / gasolina (1.6): Aprox.
  • Ruído interno / gasolina (1.8): Aprox.
  • Preço (1.6); Aprox.
  • Preço (1.8): Aprox.

FORD PAMPA
  • Capacidade: 1 motorista e 1 passageiro;
  • Motorização / potência (líquida): 1.6 aspirada (70 cavalos / 11 kgfm);
  • Motorização / potência: 1.8 aspirada (98 cavalos / 14 kgfm);
  • Entre eixos (espaço interno): Aprox. 2,6 metros;
  • Estrutura: Monobloco de aço;
  • Caçamba: Aprox. 600 kg;
  • Comprimento: Aprox.
  • Largura: Aprox.
  • Altura: Aprox. 1,37 metro;
  • Peso: Aprox.
  • Tanque combustível: Aprox.
  • Suspensão dianteira:
  • Suspensão traseira:
  • Freios: Discos na dianteira e tambor na traseira;
  • Pneus: Radiais;
  • Ultrapassagem / 80 a 120 km / h / 4ª marcha: Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.6): Aprox.
  • Aceleração / 0 a 100 km / h (1.8): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.6): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.8): Aprox.
  • Consumo / gasolina (1.8): Aprox.
  • Ruído interno / gasolina (1.6 e 1.8): Aprox.
  • Preço (1.6); Aprox.
  • Preço (1.8): Aprox.

ONDE COMPRAR

MANUAL (1ª GERAÇÃO)

Clique nas imagens abaixo para mais nitidez:



GALERIA DE IMAGENS
Logo acima, imagem publicitária da década de 1980, com o  Ford Corcel II, um dos principais representantes da Ford do Brasil no mercado brasileiro de automóveis populares, neste caso com motor aspirado de 1.600 cilindradas. Logo abaixo, uma imagem publicitária da década de 1970, com o Ford Corcel GT, a versão com pretensão esportiva do clássico automóvel médio.


Logo acima, imagem publicitária da década de 1990, com a Ford Del Rey Belina, conhecida também como Belina II, um dos principais representantes da Ford do Brasil no mercado brasileiro de automóveis médios de luxo, neste caso com motor aspirado AP1800, de 1.800 cilindradas, da Volkswagen. Logo abaixo, uma imagem publicitária da década de 1970, com a Ford Belina, a perua de tamanho médio da Ford.

VEJA TAMBÉM


    REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Corcel
    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fiat_147
    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Bras%C3%ADlia
    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Del_Rey
    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Pampa
    • Ford do Brasil (divulgação): Imagens
    • Wikimedia: Imagens

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