RUMO ALL (COMPANHIA FERROVIÁRIA)


RUMO ALL
ALL – AMÉRICA LATINA LOGÍSTICA
RUMO LOGÍSTICA S.A.
FERROVIA SUL ATLÂNTICO
DELARA
BRASIL FERROVIAS

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Logo acima, o logotipo atual da Rumo Logística, a maior transportadora de cargas pesadas por ferrovias do Brasil. Logo abaixo, uma tipica composição da atual Rumo Logística, que atende as regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do Brasil.

A Rumo Logística S.A. é uma empresa brasileira concessionária de serviços de transporte ferroviário de cargas pesadas em geral, composta por cinco concessões ferroviárias no Brasil, abrangendo os estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Tocantins. Ela possui uma gigantesca estrutura de transporte ferroviário de cargas com cerca de 14.000 quilômetros de ferrovias, mais de 1.000 locomotivas e mais de 28.000 vagões, por meio dos quais a companhia ferroviária transporta commodities agrícolas, produtos agroindustriais, combustíveis e produtos industriais.

Ela é a maior empresa de logística de cargas do Brasil, resultante da fusão, em 2015, entre a Rumo Logística e a ALL - América Latina Logística, a primeira uma empresa concessionária de transporte ferroviário fundada em 2008 pelo grupo agroindustrial, industrial e de energia brasileiro COSAN S.A. e a segunda atuando no transporte ferroviário de cargas pesadas, atuando no Brasil desde a década de 1990, quando da privatização do setor ferroviário no Brasil.

Até o ano de 2013, a ALL – América Latina Logística possuía também uma gigantesca estrutura ferroviária para transporte de cargas na Argentina, operando esses serviços por meio concessão nas regiões de Paso de los Libres, Buenos Aires e Mendoza, quando, infelizmente, a empresa foi vítima de desapropriação / estatização pelo Governo Federal da Argentina, na época com viés político e ideológico de esquerda, durante a polêmica administração da senhora Cristina Kirchner, atual ex-Presidente da República e atual vice-Presidente da República.

Aqui no Brasil, a nova companhia resultante de fusão entre a Rumo e a ALL tem capacidade para transportar anualmente 29 milhões de toneladas de cargas até os portos brasileiros nas regiões Sudeste e Sul, incluindo Porto de Santos e Paranaguá, empregando no Brasil mais de 11.700 empregados próprios e terceirizados. Segundo a atual administração da Rumo ALL, o processo de fusão possibilitou possibilitou o foco na expansão da capacidade de operação, redução de custos e aumento da eficiência operacional.

A Brado Logística é uma subsidiária da Rumo Logística S.A., é uma empresa criada em sociedade com a Standard Logística, que presta serviços de logística intermodal de contêineres, concentrando-se em serviços de transporte ferroviário, armazenagem, operação de terminais e outros serviços de logística. Entre seus serviços especializados estão o transporte de produtos perecíveis, por meio de vagões refrigerados (reefer), cargas secas em geral (dry) e vagões para transporte de líquidos (isotank).

A Rumo Logística está sediada na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná e seu presidente é João Alberto Fernandes Abreu. Ela teve uma receita bruta de mais de R$ 6,5 bilhões em 2018, com um lucro líquido de mais de R$ 273 milhões.

CONTEXTO HISTÓRICO

Logo acima, o logotipo da então ALL - América Latina Logística, uma das duas empresas de transporte ferroviário de cargas pesadas fundidas em 2015, que deram origem à nova empresa Rumo Logística S.A.. Logo abaixo, a malha ferroviária da ALL em 2010, com concessões no Brasil e na Argentina, lembrando que a malha na Argentina não entrou no processo de fusão.

As primeiras ferrovias que se tem conhecimento no Brasil surgiram logo após as primeiras invenções de veículos terrestres movidos a vapor, como, por exemplo, as máquinas inventadas pelo físico francês Denis Papin, pelo engenheiro britânico James Watt e pelo engenheiro britânico Richard Trevithick, esses três projetistas de máquinas a vapor. As primeira locomotivas práticas e tecnicamente viáveis, por exemplo, foram inventadas por Trevithick em 1804, na Inglaterra. A ferrovia Stockton / Darlington, na Inglaterra, foi a primeira ferrovia pública a ser estabelecida no mundo para o transporte de passageiros, em 1825.

De lá para cá, as chamadas ferrovias transcontinentais foram fundamentais para o desenvolvimento dos países, principalmente Estados Unidos, Canadá, Índia e Rússia. Após os primeiros 100 anos das primeiras ferrovias, foi iniciada a transição do uso das locomotivas a vapor por locomotivas a eletricidade e locomotivas a combustão interna, seja nas viagens intermunicipais e interestaduais ou seja dentro das regiões metropolitanas, dependendo de cada caso. Nessa época, com o surgimento das locomotivas híbridas, que combinam a utilização de motores a diesel e motores elétricos, houve um aumento do desempenho dessas máquinas. Assim, um motor a diesel é acoplado a um gerador de energia elétrica, que, por sua vez, está ligado a um motor ou motores elétricos, por sua vez diretamente ligados aos eixos de tração das locomotivas. 

O Brasil possui atualmente uma grande rede ferroviária de mais de 30.000 quilômetros de extensão total, de várias concessionárias, a décima maior rede de transporte ferroviário do mundo, considerando quilometragem. A malha ferroviária brasileira possui uma grande extensão e está presente nas mais diversas regiões do país, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em 2005, considerando carga transportada, a malha ferroviária brasileira era a sétima maior do mundo, com 221 bilhões de TKU's de cargas transportadas, dos mais variados tipos, principalmente commodities agrícolas, combustíveis  e minérios.

A primeira ferrovia brasileira foi construída em 1854, entre as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis, esta também dentro do Estado do Rio de Janeiro. Porém, somente entre 1890 e 1950, houve uma significativa expansão do sistema de transporte ferroviário brasileiro, começando pela iniciativa de investidores privados de origem britânica, principalmente, entre outros, e, posteriormente, na década de 1930, com o Governo Federal Brasileiro assumindo o controle do sistema, num programa de estatização dessa infraestrutura, o que resultou, na década de 1950, com a criação da empresa estatal RFFSA - Rede Ferroviária Federal.

Até 1997, a malha ferroviária brasileira era operada e mantida pela RFFSA - Rede Ferroviária Federal, sociedade de economia mista (capital estatal e privado), administrada indiretamente pelo Governo Federal Brasileiro, cujos serviços incluíam linhas regulares de passageiros e transporte de cargas. Com a desestatização da RFFSA - Rede Ferroviária Federal, a malha foi divida em regiões e concedida para exploração de concessionárias privadas.

Na década de 1990, durante o processo de privatização, a RFFSA - Rede Ferroviária Federal possuía cerca de 22.000 quilômetros de extensão de linhas férreas, distribuídos em 19 estados brasileiros, cerca de 1.400 locomotivas e cerca de 37.000 vagões, a maioria deles para transporte de cargas. Essa empresa estatal possuía mais de 40.000 empregados e transportava cerca de 86 milhões de toneladas de cargas por ano.

O processo de privatização foi estruturado da seguinte forma:
  • Estrada de Ferro Tereza Cristina;
  • Malha Centro-Oeste;
  • Malha Nordeste;
  • Malha Oeste;
  • Malha Sudoeste;
  • Malha Sul; 
Foi colocada à disposição dos investidores, a possibilidade de explorar economicamente por 30 anos essas seis malhas, com o obrigação de fazer investimentos privados nelas, com a consequente modernização de seus sistemas e aumento de eficiência operacional, o que pode resultar em uma renovação da concessão por mais 30 anos.

Atualmente as concessionárias de transporte de cargas por vias ferroviárias são: Rumo Logística / ALL / Ferrovia Norte Sul (Ferrovia Sul Atlântico, Delara e Brasil Ferrovias)MRS LogísticaFerrovia Centro-AtlânticaFerrovia Tereza CristinaEstrada de Ferro Vitória MinasCompanhia Ferroviária do NordesteEstrada de Ferro Carajás que, juntas, transportam grandes volumes de minério, commodities agrícolas, combustível, celulose (a matéria prima para produção de papel), madeira, contêineres de cargas variadas, entre outros. Todas essas empresas são fiscalizadas pela agência reguladora ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres.

A Rumo Logística, por exemplo, é a empresa resultante da fusão em 2015 de duas grandes concessionárias de ferrovias, a Rumo Logística e a ALL - América Latina Logística. Atualmente, essa empresa privada é a maior concessionária de transporte ferroviário do Brasil. Em 2019, esse grupo econômico venceu o leilão de concessão de exploração da Ferrovia Norte Sul, numa extensão de mais de 1.500 quilômetros, entre os municípios de Estrela Doeste, no Estado de São Paulo, e Porto Nacional, no Estado de Tocantins.

Desde a privatização da infraestrutura de transporte ferroviário no Brasil, em 1996, as concessões do setor foram, gradativamente, ao longo dos anos, sendo agrupadas em três grandes grupos econômicos:
  • Rumo / ALL - Composta pelos investidores Cosan, BNDES, Previ, Funcef, BRZ (Postalis, Petros, Forluz e Valia), Família Lara, TPG e Gávea, Família Arduíni, entre outros;
  • Vale - Conhecida anteriormente, até 2007, como Vale do Rio Doce, é uma das maiores mineradoras do mundo, a maior produtora mundial de minério de ferro, pelotas e níquel. Ela é, atualmente, a 31ª maior empresa do mundo, uma empresa privada atuante no setor de minérios, geradora de energia elétrica e logística. Ela controla a Estrada de Ferro Carajás, Estrada de Ferro Vitória Minas, Ferrovia Centro Atlântica e Ferrovia Norte Sul, totalizando mais de 2.000 quilômetros de estradas de ferro. Essa gigante brasileira emprega mais de 110 mil pessoas e está presente em mais de 30 países;
  • MRS Logística - Controlada pelos grupos Gerdau, Usiminas, MBR / Vale e CSN;
Só para se ter uma ideia da vantagem do transporte ferroviário em relação ao transporte rodoviário de cargas pesadas, o carregamento de 4 caminhões para transporte de grãos leva cerca de 1 hora, totalizando cerca de 200 toneladas. Já o carregamento de 10 vagões consome o mesmo tempo, mas com capacidade somada de 1.000 toneladas. Além disso, o risco de roubo da carga transportada por trens é menor que o risco da carga transportada por rodovias. E para piorar, o risco de acidentes nas rodovias é maior...

No Brasil, o sistema de transporte ferroviário está concentrado no transporte de cargas, principalmente commodities agrícolas e minérios. Entretanto, alguns serviços de transporte de passageiros por linhas férreas foram mantidos em frequências diárias de longa distância com relativo conforto, entre elas Parauapebas - São Luís e Belo Horizonte - Vitória. 

Ainda existem também alguns serviços de interesse exclusivamente turístico em funcionamento, tais como as linhas Curitiba - Paranaguá e Bento Gonçalves - Carlos Barbosa.

Cerca de 75% do PIB - Produto Interno Bruto brasileiro circula dentro do Brasil e para fora do país, em atividades de exportação, por meio de locomotivas e vagões ou por vias intermodais nas quais locomotivas e vagões tem participação. Atualmente, cerca de 95% da quilometragem total da malha ferroviária brasileira é privatizada, isto é, é operada por meio de concessões à iniciativa privada.

HISTÓRIA DA RUMO

Logo acima, um típico vagão da então ALL - América Latina Logística, uma das principais concessionárias de transporte ferroviário brasileiras das décadas de 1990, 2000 e 2010. A grande maioria dos seus vagões foram repintados em azul e cinza, as cores adotadas pela Rumo Logística. Logo abaixo, ilustração da Rumo Logística, com a linha do tempo contendo a trajetória de ambas as empresas, a conclusão do processo de fusão em 2015 e a incorporação da ferrovia Norte-Sul. Clique na imagem para ver os detalhes com mais clareza.

Fundada em 1997, inicialmente como Ferrovia Sul Atlântico, a ALL - América Latina Logística foi uma das três companhias a assumir os serviços ferroviários no Brasil após o processo de privatização do setor. Em 1998, assumiu também a concessão de ferrovias nas regiões central e norte da Argentina. Em 2001, a ALL – América Latina Logística adquiriu a Delara, empresa de transportes rodoviários de cargas no Brasil, e ampliou seu suporte logístico. Com a aquisição da Brasil Ferrovias e da Novoeste Brasil em 2006, a ALL – América Latina Logística passou a atuar também em áreas estratégicas do Centro Oeste brasileiro e do Estado de São Paulo, tornando-se a maior companhia de logística com estrutura ferroviária do Brasil.

Para quem não sabe, internautas que não moram no Brasil, por exemplo, vale ressaltar que a região Centro Oeste do Brasil compreende os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal, onde está localizada Brasília, a capital do Brasil. Um estado no Brasil equivale a províncias em outros países, Canadá, Argentina e China, por exemplo, que têm províncias em vez de estados. O Distrito Federal é uma unidade federativa, não é um estado.

Em 2010 a ALL - América Latina Logística operava a mais extensa malha ferroviária da América do Sul, abrangendo Brasil e Argentina, sendo detentora de concessões em uma área de cobertura que alcançava 75% do PIB – Produto Interno Bruto do Mercosul, por onde passava 78% das exportações de grãos da região rumo a alguns dos principais portos instalados no Brasil e na Argentina.

Atualmente, atuando somente no Brasil, a Rumo Logística opera atualmente cerca de 14.000 quilômetros dos mais de 30.000 quilômetros de linhas férreas existentes no país. Ela oferece soluções logísticas personalizadas para clientes no segmento agrícola, industrial e agroindustrial. Ela foi considerada a “empresa mais admirada no segmento de logística, segundo ranking da revista Carta Capital.

Em 1997, a ALL – América Latina Logística obteve o direito de explorar com exclusividade a infraestrutura ferroviária da chamada Malha Sul brasileira. Em 1998, a companhia ferroviária passou a operar a parcela sul da chamada Malha Paulista, localizada no Estado de São Paulo. Em 1999, deu-se o início da exploração de duas grandes malhas ferroviárias nas regiões central e nordeste da Argentina. Em 2001, a ALL – América Latina Logística comprou os ativos operacionais da Delara, até então uma das maiores companhias brasileiras de logística de cargas e transporte rodoviário de cargas. Em 2006, a ALL – América Latina Logística obteve a concessão da Brasil Ferrovias e Novoeste Brasil. Em 2013, lamentavelmente o Governo Federal Argentino anunciou a desapropriação / estatização das duas malhas de concessão da ALL – América Latina Logística no país.

Desde a década de 1990 e início da década de 2000, a ALL - América Latina Logística desenvolveu e implementou no Brasil e na Argentina um sistema logístico para transporte de cargas usando como base a operação ferroviária, usando a sua malha ferroviária como backbone para transporte de cargas até os portos. Desde a desestatização da Malha Sul brasileira em 1997, e a aquisição das concessionárias de transporte ferroviário argentinas em 1999, a ALL obteve importantes melhorias operacionais e financeiras, entre as quais as seguintes:
  • Desempenho Financeiro: Na ALL Operações Ferroviárias do Brasil, de 1997 a 2011, (a) o volume transportado medido em TKU cresceu em média 15,1% ao ano; (b) a receita bruta cresceu 22,2% ao ano, atingindo mais de R$ 2,2 bilhões em 2011; e (c) o EBITDA cresceu 43,6% ao ano, atingindo mais de R$ 1,4 bilhões em 2011.
  • Tecnologia: A ALL – América Latina Logística desenvolveu e instalou computadores de bordo em quase toda a sua frota de locomotivas, utilizando sistemas de GPS – Global Positioning System ou, em português, Sistema de Posicionamento Global, e transmissão de dados por satélite, método conhecido também como telemetria, resultando num aumento do nível de segurança e confiabilidade das operações. Além disso, foi desenvolvido um sistema operacional próprio para otimizar os serviços prestados. Atualmente, toda a frota de locomotivas da RUMO ALL no Brasil utiliza essa tecnologia.
  • Segurança: A ALL – América Latina Logística melhorou seus índices de segurança. Utilizando os critérios da FRA – Federal Railroad Administration, ela estaria classificada entre as operações mais seguras nos Estados Unidos, até mesmo superando os níveis de segurança de determinadas Ferrovias Classe I americanas. Ela conseguiu reduzir pela metade o número de acidentes em relação à época em que a empresa era estatal.
  • Cultura Corporativa: A ALL – América Latina Logística criou uma cultura voltada para resultados, tanto que no Brasil e na Argentina chegou a figurar mais de uma vez como uma das melhores empresas para se trabalhar, conforme os rankings das publicações EXAME e APERTURA, duas das mais bem conceituadas publicações de negócios no Brasil e na Argentina, respectivamente.
  • Produtividade: A empresa conseguiu dobrar o volume / peso de produtos transportados, por meio de aquisição de locomotivas e vagões e manutenção das linhas férreas.

PROCESSO DE FUSÃO

O programa governamental de privatização da malha ferroviária brasileira na década de 1990 foi uma necessidade extrema do País para ganho de competitividade do setor, já que o Governo Federal na época não tinha condições financeiras de promover a renovação, a ampliação, a manutenção e a operação do sistema de transporte ferroviário estatal da RFFSA - Rede Ferroviária Federal, a estatal monopolista do setor.

Historicamente, a iniciativa privada sempre teve mais agilidade para criar, implementar e administrar negócios produtivos, seja na área do comércio, da prestação de serviços, da indústria, da agroindústria, da agricultura, da pecuária e da mineração. Há pouquíssimas exceções, no Brasil, de sucesso do controle estatal sobre a atividade produtiva, entre elas a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

No caso específico do segmento de transporte ferroviário brasileiro é possível afirmar que a privatização tocada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso foi positiva, com grande volume de investimentos privados no setor e ganho de competitividade nos anos subsequentes, com redução de desperdícios. Com a ALL - América Latina Logística não foi diferente, assim como suas congêneres brasileiras houve aumento de eficiência e competitividade.

Porém, nem tudo foi flores, a então ALL - América Latina Logística também teve alguns altos e baixos durante sua trajetória, principalmente na primeira metade da década de 2010, quando ela começou a perder fôlego financeiro”, ou, na linguagem técnica, fluxo de caixa, e sua infraestrutura começou a dar sinais de envelhecimento, além de reclamações sobre qualidade de alguns clientes importantes, mas é possível afirmar que a tradicional agilidade da iniciativa privada também deu um rumo adequado para a solução do problema. E o rumo adequado foi a Rumo, com um processo de fusão concluído em 2015, com um aporte de capital em 2016.

A solução do problema foi encontrada em 2014, pelos acionistas de ambas as empresas na época, quando, na prática, a Rumo Logística comprou a ALL - América Latina Logística, por meio de troca de ações. O executivo Júlio Fontana foi colocado à frente de toda a operação de compra, fusão e consequente capitalização e reestruturação da nova empresa resultante de fusão. O aporte de capital, oficialmente um aumento de capital ou capitalização, no valor de R$ 7 bilhões, foi essencial para a sobrevivência e o retorno à eficiência e lucratividade do negócio, com manutenção / renovação da infraestrutura férrea e ampliação da capacidade de transporte em alguns trechos e pontos.

A capitalização também possibilitou a compra de novas locomotivas, ao preço de cerca de US$ 1,8 milhão por unidade.

PERFIL DA EMPRESA

A Rumo Logística é a maior empresa brasileira de transporte ferroviário, elevação portuária e armazenagem. A empresa opera 12 terminais de transbordo em território brasileiro e seis terminais portuários.

Atualmente, ela é composta por cinco concessões ferroviárias no Brasil, totalizando cerca de 14.000 quilômetros de ferrovias, mais de 1.000 locomotivas e mais de 28.000 vagões, por meio dos quais a companhia ferroviária transporta commodities agrícolas, produtos agroindustriais, combustíveis e produtos industriais. A malha ferroviária da Rumo Logística opera nas regiões Sul, Centro Oeste e parte das Região Sudeste do Brasil, em uma área responsável por aproximadamente 80% do PIB – Produto Interno Bruto do Brasil, onde estão localizados quatro dos portos mais ativos do país, por meio dos quais a grande maioria da produção de grãos do Brasil é exportada. Os resultados das operações no Brasil são reportados em duas unidades de negócio: Commodities Agrícolas e Produtos Industriais.

A unidade de Commodities Agrícolas é constituída por três principais fluxos de transporte:
  1. Fluxos de exportação, que transportam soja, farelo de soja, milho, açúcar e trigo dos terminais localizados no interior do Brasil para os portos de Santos, Paranaguá, Rio Grande e São Francisco do Sul;
  2. Fluxos de importação, que transportam para o interior do Brasil principalmente fertilizantes e trigo que chegam aos portos por meio de navios, lembrando que o Brasil é um grande importador mundial de trigo;
  3. Fluxos para distribuição no mercado interno, que consiste no transporte de commodities agrícolas para suprir as demandas de produção nas diversas regiões do Brasil.
A unidade de Produtos Industriais é constituída por dois segmentos:
  1. Produtos Intermodais: Os Produtos Intermodais incluem produtos que não eram historicamente transportados por ferrovias no Brasil, dado o alto nível de serviço requerido por essas operações, que estavam muito aquém do que é oferecido atualmente, em comparação com o que era oferecido pelas empresas ferroviárias no passado. À medida que foram melhorados os indicadores operacionais ao longo dos anos, a ALL - América Latina Logística e, posteriormente, a Rumo Logística passou a ter condições de transportar esses volumes, normalmente em um modelo de parceria com seus clientes, onde o investimento necessário na estrutura  é compartilhado entre ambos. A dinâmica de crescimento nessa unidade baseia-se na capacidade da companhia ferroviária de adicionar novos projetos ou de expandir os projetos já existentes. A unidade é composta de serviços de transporte de produtos siderúrgicos e madeira, papel e celulose, produtos alimentícios e contêineres.
  2. Produtos Puramente Ferroviários: Antes até da privatização esses produtos eram amplamente transportados por ferrovia. Esse segmento consiste no transporte de produtos de construção civil, óleo vegetal e combustível, que atualmente são transportados quase exclusivamente por ferrovia na área de atuação da companhia ferroviária.
Mais precisamente, a Rumo Logística opera de forma integrada, nos setores ferroviário e rodoviário, uma frota de mais de 1.000 locomotivas, mais de 28.000 vagões, cerca de 70 road railers (carretas bimodais que trafegam em ferrovias e rodovias) e cerca de 1.000 veículos para transporte terrestre de cargas, entre próprios e alugados, e conta com unidades localizadas em pontos estratégicos para embarque e desembarque de carga.

Com mais de 11.700 empregados próprios e terceirizados, e 25 mil empregados indiretos, distribuídos por mais de 30 unidades em seis estados do país, a Rumo Logística atua em três segmentos de negócios no transporte ferroviário: commodities agrícolas, combustíveis e produtos industrializados. Além disso, presta serviços rodoviários, operações de terminais e armazenagem.

Em 2011, a empresa formou com a transportadora Ouro Verde um empreendimento conjunto na área da logística rodoviária, a Ritmo Logística, na qual a Rumo Logística tem participação de 65% e a Ouro Verde uma participação de 35%.

A empresa possui quatro operações principais:

  1. Operação Norte, formada pelas concessões ferroviárias da Malha Norte e Malha Paulista, com terminais de transbordo nos estados de Mato Grosso e São Paulo. Essa operação é responsável pelo transporte de commodities agrícolas em geral, incluindo soja, milho, farelo de soja e açúcar; transporte de fertilizantes; e transporte dos chamados produtos industriais, incluindo combustíveis, cimento e celulose, entre outros.
  2. Operação Sul, formada pelas concessões ferroviárias da Malha Oeste e Malha Sul, com terminais de transbordo no Estado do Paraná. Essa operação também é responsável pelo transporte de commodities agrícolas em geral, incluindo soja, milho, farelo de soja e açúcar: transporte de fertilizantes; e transporte de produtos industriais, incluindo combustíveis, cimento e celulose, entre outros.
  3. Operação Norte-Sul, a mais recente da empresa, formada pela concessão ferroviária Norte-Sul, ligando por vias férreas as regiões Sudeste, Centro Oeste e Norte. Essa infraestrutura está em fase final de implementação e será utilizada para transporte da produção agropecuária de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e parte de Mato Grosso. Outras cargas do agronegócio, da agroindústria e da indústria também poderão ser transportadas.
  4. Operação de Contêineres, composta pela soluções de logística da Brado, uma subsidiária da Rumo Logística, responsável pelo transporte de produtos agrícolas e industriais, incluindo exportação e importação.

TREINAMENTO

A Rumo Logística mantém uma universidade corporativa própria, a Academia Rumo, conhecida anteriormente, até 2016, como UniALL. Ela foi criada no ano 2000, com o objetivo de suprir as necessidades brasileiras e argentinas de formação de novos colaboradores com treinamentos técnicos e de aperfeiçoamentos característicos do sistema ferroviário, área de atuação predominante dos serviços prestados pela companhia.

Essa universidade corporativa da Rumo Logística abriga todo o modelo de treinamento, de reciclagem e de desenvolvimento de profissionais do setor de transporte ferroviário de cargas pesadas.

MERCADO

Para entender o contexto econômico, social, político e tecnológico no qual a Rumo Logística está inserida é importante ressaltar e/ou relembrar aqui alguns aspectos relacionados à atividade de transporte de cargas ferroviário, rodoviário, marítimo, fluvial e aéreo no Brasil.

Entre 1991 a 1998, as ferrovias estatais no Brasil foram divididas em malhas independentes e, posteriormente, objeto de desestatização, através da celebração de contratos de concessão, conferindo às concessionárias o direito de explorar com exclusividade a infraestrutura ferroviária nas suas respectivas malhas. Desde então, as concessionárias de transporte ferroviário de cargas atuam em áreas geográficas distintas, não concorrendo diretamente entre si. Na grande maioria dos casos, o seu principal concorrente é o transporte rodoviário.

O modal ferroviário é indicado para o transporte de grandes volumes de carga pesada e de longa distância. Esse modal é um dos mais seguros, econômicos e menos poluentes para transporte de cargas pesadas e volumosas.

Diante das características geográficas e econômicas do Brasil, que exigem um transporte por longas distâncias e para grande produção de commodities, que são produtos de baixo valor agregado e de grande volume, esse modal de transporte pode ser amplamente explorado, tendo assim oportunidade para desempenhar importante papel na economia nacional.

Atualmente, o Sistema Ferroviário Brasileiro totaliza mais de 30.000 quilômetros de extensão, distribuído pelas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, atendendo parte do Centro-Oeste e Norte do país.

A malha brasileira é a sétima maior do mundo em termos de transporte de carga, com 292 bilhões de TKUs transportados em 2011.

A demanda por transporte ferroviário no país tem sido historicamente maior do que a capacidade dos respectivos sistemas. A incapacidade das empresas estatais em fazer investimentos em suas respectivas infraestruturas e frotas da rede ferroviária foram os principais responsáveis pelas limitações de capacidade ao longo das décadas no Brasil, até a década de 1990, quando houve as privatizações no setor. Como conseqüência, o setor ferroviário, possui uma pequena participação na matriz de transporte de carga, respondendo por apenas aproximadamente 20% no Brasil, dos serviços de transporte de carga prestados nesses países, comparado com, aproximadamente, 43% nos Estados Unidos e 46% no Canadá.

De uma maneira geral, as concessionárias ferroviárias brasileiras não atendem o transporte de passageiros, pois este em sua maioria não foi privatizado, permanecendo, ainda, sob o controle do Governo Federal.

O setor de transporte ferroviário brasileiro é fiscalizado pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, cuja competência inclui, dentre outras, a administração dos contratos de concessão e arrendamento, a fiscalização do cumprimento das cláusulas contratuais de prestação de serviços ferroviários e de manutenção e reposição dos ativos arrendados e da atuação das concessionárias.

VEJA TAMBÉM

REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/América_Latina_Logística
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rumo_Log%C3%ADstica
  • Rumo (divulgação): Imagens
  • Wikimedia: Imagens

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