EMBRAER KC-390 (FORÇA AÉREA BRASILEIRA)

EMBRAER KC-390
EMBRAER C-390 MILLENNIUM

INTRODUÇÃO

Logo acima, o avião bimotor de logística militar Embraer KC-390, fabricado em série no Brasil, decolando de uma pista de pouso pavimentada. Ele terá capacidade de operar também em pistas de pouso não pavimentadas. Logo abaixo, o avião de médio porte brasileiro marca presença por onde passa, sua dimensões e sua capacidade impressionam os observadores e usuários.

O Embraer KC-390 é uma robusta aeronave bimotor de médio porte para uso exclusivamente militar, em missões de transporte tático e transporte logístico, reabastecimento em voo, busca e resgate, combate a incêndios florestais e evacuação aeromédica, com motorização turbofan e asa alta, de construção convencional em alumínio e ligas metálicas, projetada e desenvolvida em conjunto pela Embraer S.A. e pela FAB – Força Aérea Brasileira a partir de 2008 e produção seriada iniciada recentemente, a partir de 2018, com mais de 60 unidades encomendadas por sete forças aéreas, incluindo 30 unidades encomendadas pela FAB – Força Aérea Brasileira.

O principal concorrente do Embraer KC-390 é o quadrimotor turboélice de médio porte para transporte militar Lockheed C-130 Hercules, atualmente fabricado nos Estados Unidos pela gigante americana da indústria de defesa Lockheed Martin, uma das maiores e mais tradicionais do mundo.

A EMBRAER S.A.
A Embraer S.A. é uma grande fabricante brasileira de aviões comerciais, executivos, militares e utilitários. Atualmente, ela é uma empresa de capital misto, com predominância de capital privado, com acionistas estrangeiros, inclusive. A sua sede está localizada em São José dos Campos, interior do Estado de São Paulo. Ela foi privatizada na década de 1990 e entregou mais de 100 aeronaves em 2017, com uma carteira de encomendas de cerca de 400 unidades para os próximos quatro anos.

Considerando receitas e número de aeronaves fabricadas, a empresa brasileira Embraer S.A. é a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do planeta e a quinta maior fabricante de jatos executivos. Ela foi fundada como uma estatal no início da década de 1970 e, desde a sua fundação, fabricou mais de 8.000 unidades, incluindo aviões comerciais para a aviação regional; aviões executivos em geral, entre eles jatos bimotores, turboélices bimotores, bimotores e monomotores a pistão; aviões utilitários para aviação agrícola; e aviões militares para treinamento e combate; sendo que a maioria deles ainda está em condições de voo.

Em unidades vendidas, a empresa brasileira Embraer S.A. é uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais, aeronaves executivas, aeronaves utilitárias para uso agrícola e aeronaves militares. Comparando receitas, a Embraer foi o quarto maior grupo fabricante de aeronaves civis do planeta em 2014, somando os números de todas as unidades da empresa, no Brasil e no exterior, com receita bruta de aproximadamente US$ 5,6 bilhões. Com o recuo gradativo da canadense Bombardier Incorporated no mercado de aviação comercial, nos anos mais recentes, a Embraer S.A. assumiu a terceira posição entre as maiores fabricantes de aviões civis do mundo, atrás apenas da Airbus e da Boeing.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Logo acima, imagem publicitária da Embraer com o Embraer KC-390, um dos principais destaques da indústria aeronáutica brasileira, um projeto que foi considerado um desafio para a fabricante brasileira, com fornecedores espalhados pela Europa Ocidental, Estados Unidos e América do Sul. Logo abaixo, mais um exemplo de alta tecnologia do avião brasileiro, os chaffs / flares são utilizados no contexto de um sistema de autodefesa, para “confundir” mísseis inimigos.

O Embraer KC-390 é um jato militar bimotor de médio porte e alta performance, com construção convencional em alumínio, aço e titânio, criado e desenvolvido em conjunto pela Embraer S.A. e pela FAB - Força Aérea Brasileira a partir de 2008, com fabricação seriada iniciada em 2018, com capacidade e versatilidade para uma variedade de missões, incluindo reabastecimento em voo, transporte tático de veículos e tropas para combate e/ou apoio a operações militares em geral, transporte logístico militar, lançamento de paraquedistas militares, combate a incêndios florestais, cargueiro militar em geral, transporte de militares e civis em missões de atendimento humanitário em calamidades públicas e/ou situações de emergência, plataforma de evacuação médica civil e militar e busca e resgate de militares e civis acidentados e/ou feridos, entre outros tipos de missões e usos.

Ele faz parte de um dos maiores programas militares das Forças Armadas Brasileiras nas décadas mais recentes, ao lado de outros importantes programas, como, por exemplo, do Programa FX2 / Saab JAS-39 Gripen NG, do satélite estatal SGDC - Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações e do PROSUB - Programa de Desenvolvimento de Submarinos, entre outros. O Embraer KC-390 é a maior aeronave fabricada no Brasil em toda a história da indústria aeronáutica do País, considerando comprimento, largura, altura, peso máximo de decolagem, capacidade de transporte (payload) e diâmetro de fuselagem.

Conhecido também como Embraer C-390 Millennium, que, aliás, é o seu nome comercial usado atualmente, ele foi projetado originalmente para uma variedade de missões militares e humanitárias, ou seja, um avião multimissão. É uma aeronave militar versátil, projetada para transporte e lançamento de paraquedistas, transporte e/ou lançamento de paletes e contêineres militares, para atendimento emergencial em casos de calamidade pública e emergência, transporte de suprimentos médicos para militares e para civis, dependendo de cada caso e situação, procura e resgate de militares e civis acidentados e/ou em situações de risco, dependo também da situação, transporte de veículos militares leves, evacuação médica de militares e civis, dependendo de cada caso e situação.

Considerado um avião de grande porte por algumas fontes, o Embraer KC-390 foi projetado pela Embraer para desempenhar função de apoio em operações militares e resposta governamental a crises humanitárias. Com esse novíssimo jato militar a Embraer S.A. pretende ocupar um nicho de mercado que ela acredita que existe atualmente entre o turboélice bimotor europeu de porte médio para uso exclusivamente militar CASA C295, e o turboélice quadrimotor de grande porte Airbus A400M, ambos fabricados na Europa Ocidental pela Airbus Defense & Space, uma subsidiária do consórcio europeu Airbus Group.

O fabricante brasileiro acredita que algumas das principais vantagens do Embraer KC-390 é a sua alta velocidade de cruzeiro e sua flexibilidade operacional, afinal é um jato bimotor para uso militar de asa alta e trem de pouso reforçado para operação em pistas de pouso de leito natural. O avião é um projeto totalmente novo e com altíssima tecnologia fly-by-wire de controle das superfícies móveis e aerodinâmicas de comando por meio de fios com impulsos elétricos ou pulsos elétricos, tecnologia no estado da arte até então não disponível em outros jatos e turboélices de logística militar de tamanho e função semelhante.

Segundo a Embraer, o Embraer KC-390 terá capacidade para transportar até 26 toneladas de carga aérea e poderá operar a partir de aeródromos com pistas de pouso de leito natural, sem pavimentação. Ele foi projetado originalmente com uma rampa traseira de três lâminas para introdução facilitada de carga aérea militar. A grande porta traseira, alinhada com o eixo longitudinal da aeronave, abre e a rampa móvel toca o solo ou pista e se apoia nele ou nela para a introdução facilitada de veículos militares, paletes ou contêineres com ou sem para-quedas, e para a entrada de tropas. Essa configuração é comum em aeronaves de transporte militar, incluindo o Boeing C-17, o CASA C295, o Airbus A400M, o De Havilland Buffalo e o principal concorrente do KC-390, o Lockhed C-130 Hércules, entre outros. Com essa configuração, é possível também lançar em pleno voo tropas e cargas com paraquedas.

Embora seja um avião essencialmente militar, no qual a aparência não tem relevância, os projetistas da Embraer S.A. se deram ao luxo de dar beleza ao formato externo do Embraer KC-390, definitivamente ele é uma aeronave elegante por fora, imponente, mas, é claro, absolutamente despojada por dentro, simples, praticamente sem acabamento interno, sem sofisticação e refinamento nenhum, o que não é um surpresa. É assim mesmo. O seu formato externo segue um desenho convencional, sem muitas ousadias, com asas altas e moderadamente enflechadas, com diedro negativo e motores fixados sob as asas, além de empenagem em T, neste caso para evitar o máximo possível esteiras de ar sobre as operações de lançamento de cargas em voo e reabastecimento em voo.

O avião foi projetado para ter o seu piso principal da cabine de carga a apenas 1,5 metro do solo, quando em procedimento de carregamento e descarregamento no pátio de manobras do aeródromo. Esse piso suporta até 26 toneladas de carga adequadamente distribuída em seus 12,7 metros de comprimento, com a possibilidade de acomodar e fixar até 7 paletes padrão, em uma cabine de até 169 m³ de capacidade volumétrica, com até 2,8 metro de altura de cabine e 3,4 metros de largura útil de fuselagem. Ele foi projetado para transportar até 80 soldados equipados em assentos padrão, ou 66 paraquedistas combatentes em assentos padrão ou 74 macas aeromédicas, com 8 paramédicos.

E possui capacidade para transportar veículos militares, peças de artilharia, helicópteros e VANTS ou drones, desde que alguns desses estejam parcialmente desmontados.

Segundo o fabricante, o seu alcance em voo de translado pode chegar a 8.500 quilômetros com tanque de combustível interno e sem carga paga; pode chegar a 6.200 quilômetros em translado simples, sem tanques internos e com cabine desocupada; chegar até 5.000 quilômetros com 13 toneladas de carga na cabine, até 3.500 quilômetros com 19 toneladas de carga e 2.500 quilômetros com 23 toneladas.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Logo acima, a aeronave é capaz de lançar paraquedistas militares e sua rampa de carga e descarga de paletes e contêineres pode ser usada para lançamento dessas cargas em voo, com paraquedas fixados. Logo abaixo, embora tenha ampla porta de carga traseira o modelo possui climatização e pressurização de cabine, mas, obviamente, neste caso somente quando as portas estão fechadas.

Depois de fabricar em larga escala e com grande sucesso o turboélice monomotor para treinamento Embraer EMB-312 Tucano e o turboélice monomotor de ataque leve Embraer EMB-314 Super Tucano, e com relativo sucesso o jato militar de ataque leve Embraer AMX, a então Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica deu um passo adiante a partir da década de 2000 com a criação e o início do desenvolvimento em conjunto com a FAB – Força Aérea Brasileira do jato utilitário bimotor de médio porte para uso militar Embraer KC-390 e está dando um passo adiante com a participação no desenvolvimento e fabricação do sofisticadíssimo jato militar Saab JAS-39 Gripen NG, um caça de quarta geração (ou quarta geração e meia, dependendo da fonte), em conjunto com a indústria aeronáutica de alta tecnologia militar sueca Saab AB.


O jato militar bimotor multimissão Embraer KC-390 é o resultado do maior programa militar desenvolvido em território brasileiro, um passo ousado da Embraer S.A., um projeto desenvolvido em conjunto pela Embraer e pela FAB – Força Aérea Brasileira, que é a operadora governamental de lançamento da aeronave e a principal financiadora do projeto. Esse avião militar de médio porte foi anunciado pela primeira vez em 2007 na feira de equipamentos de defesa LAAD – Latin America Aero & Defence, no Rio de Janeiro. Entretanto, na edição de 2009 do mesmo evento foi anunciado formalmente o lançamento do programa.

A Embraer ofereceu o produto Embraer KC-390 a vários operadores militares de vários continentes, e conseguiu até o momento encomendas de várias nações, incluindo Portugal, Suécia, Chile, Colômbia, República Tcheca e Argentina. Aliás, uma parte dessas nações está participando ativamente do programa Embraer KC-390 como fornecedoras de peças, partes e componentes.

Como principal cliente da Embraer Defesa e Segurança, subsidiária fabricante de aeronaves militares da Embraer S.A., a FAB – Força Aérea Brasileira escolheu a dedo alguns dos principais fornecedores de peças, partes e componentes que serão usados na montagem do Embraer KC-390, entre eles a fabricante IAE - International Aero Engines, um joint-venture da indústria de motores aeronáuticos americana Pratt & Whitney e suas parceiras MTU Aero Engines, da Alemanha, e as japonesas Mitsubishi, Kawasaki e Ishikawajima. O jato militar fabricado no Brasil será impulsionado por dois motores turbofan da marca IAE – International Aero Engines, modelo IAE V2500-E5, com empuxo de 31.300 libras de empuxo em cada motor.

Esse motor turbofan faz parte da mesma família de motores que impulsiona o jato comercial de grande porte para transporte de passageiros Airbus A320, fabricado pela gigante europeia Airbus.

Em março de 2013, a Força Aérea Brasileira e a Embraer Defesa e Segurança concluíram a CDR - Revisão Crítica de Projeto da aeronave. Após quase uma década de criação e desenvolvimento, foi concluído o modelo mock-up em tamanho real para integração de todos os sistemas da aeronave e simulações de voo. O mock-up é uma réplica em tamanho real de uma aeronave, ele é útil para que os profissionais envolvidos no desenvolvimento e fabricação de uma aeronave tenham melhores condições de aprendizado, para que eles possam ter uma melhor noção sobre um novo modelo de aeronave, e serve também para demonstração a eventuais compradores de um modelo de aeronave.

O desenvolvimento do projeto e a fabricação dos protótipos, envolvendo a integração de tecnologias, sistemas eletrônicos e aviônica foram de responsabilidade da Embraer Defesa e Segurança, unidade da Embraer criada em 2010, localizada no município de Gavião Peixoto, no interior do Estado de São Paulo.

O desenvolvimento do Embraer KC-390 contou com R$ 4,5 bilhões do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento. Além do apoio a esse programa, por meio do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, o Governo Brasileiro também investiu entre 2011 e 2014, cerca de R$ 5,5 bilhões em outros programas militares das Forças Armadas Brasileiras.

A Embraer S.A. assinou com o governo brasileiro em 2014 o primeiro contrato para produção em série do cargueiro Embraer KC-390, em um negócio estimado em R$ 7,2 bilhões. A encomenda da FAB – Força Aérea Brasileira, de 30 unidades do Embraer KC-390 totalmente novas e dois protótipos já construídos e já em uso para testes, inclui também suporte logístico, peças sobressalentes e manutenção. Em 2012, a Embraer afirmou que todo o projeto da nova aeronave militar brasileira já havia criado cerca de 1.000 oportunidades de trabalho dentro da própria Embraer, na recém criada subsidiária Embraer Defesa e Segurança.

ALTA TECNOLOGIA

Embora seja uma aeronave com fuselagem de construção convencional metálica, o Embraer KC-390 é uma aeronave com tecnologia de ponta. O alto grau de automatização do avião permitiu a redução do número de operadores de bordo para dois, sendo piloto e co-piloto, comparando com aviões concorrentes de perfil e capacidade semelhantes ou similares. Em missões de transporte de cargas paletizadas, conteinerizadas ou unitizadas, dependendo de cada caso, pode ser necessário 1 ou 2 mestres de carga a bordo, durante o voo, ou, 1 mestre no momento do embarque da carga e 1 mestre no momento do desembarque

Opcionalmente, a aeronave pode ser equipada, a pedido da força armada compradora, com um console adicional de controle de vários sistemas, incluindo as contramedidas eletrônicas.

Ele tem uma ótima variedade de sistemas de alta tecnologia embarcada para melhorar a eficiência e aumentar a precisão das missões programadas, incluindo o CARP - Computed Air Release Point, um aparelho para calcular o ponto e o momento exato de lançamento de carga com paraquedas; e o HUD – Head Up Display, um aviônico que aumenta a precisão e a consciência situacional dos pilotos da aeronave em relação ao horizonte, ao rumo e em relação ao terreno sobrevoado.

O painel de comando ou cockpit do Embraer KC-390 é quase totalmente digital, dentro do conceito glass cockpit ou cockpit de vidro, conhecido também como EFIS - Electronic Flight Instrument System, modelo ProLine Fusion da fabricante americana Rockwell Collins, com quase tudo o que existe de mais moderno para aeronaves militares de perfil semelhante, com um total de quatro telas MFD - Multi Function Display no painel principal e mais uma interface do FMS - Flight Management System no console central, que juntas dão aos pilotos informações relacionadas aos sistemas da aeronave, incluindo motores, informações de navegação e meteorologia, e comunicação com estações militares e civis em terra, com capacidade, inclusive, de operar nos novos padrões RNAV - Navigation Area e RVSM - Reduced Vertical Separation Minimum.

Entre os aviônicos (equipamentos eletrônicos a bordo da aeronave para uso dos pilotos durante sua operação) instalados no Embraer KC-390 estão o TCAS - Traffic Collision Avoidance System, EGPWS - Enhanced Ground Proximity Warning System, radar meteorológico, sistema inercial de navegação, DGPS - Differential Global Positioning System e MC's - Mission Computers ou computadores de missão, estes fabricado pela AEL Systemas, incluindo RWR - Radar Warning Receiver, datalink ou rede de troca de dados, SATCOM ou comunicação por satélite e sistema de autoproteção.

Entre os sistemas de autoproteção estão os chaffs / flares, para dificultar a aproximação de mísseis com radar e guiados por calor, e o DIRCM - Directional Infrared Counter Measures, que é um sistema de contramedidas eletrônicas para dificultar a aproximação de mísseis guiados por infravermelho. Os primeiros consistem em dispositivos descartáveis emissores de calor e de peças metálicas para “confundir” mísseis com radares e buscadores de calor e o segundo consiste em um aparelho que emite radiação infravermelha de modo a confundir” mísseis buscadores de sinais de calor.

A aeronave possui o radar multimodo Selex Galileo Gabbiano T-20, fabricado pela italiana Leonardo Company, capaz de fazer mapeamento do solo sobrevoado; radar SAR de abertura sintética; e HUD - Head Up Display integrado ao EVS - Enhanced Vision System e NVG - Night Vision Goggles.

A fuselagem do Embraer KC-390 é larga e comprida o suficiente para se fixar nela um piso de cabine de carga com quase 13 metros de comprimento e quase 3,5 metros de largura, com robustez suficiente para suportar até 26 toneladas de carga militar, ou seja, mais até do que o previsto nas especificações de peso máximo de decolagem e carga útil ou payload. Pode-se dizer então que o piso é robusto o suficiente para suportar, até certo ponto, algumas eventualidades, como um pouso mais duro, por exemplo.

A versatilidade do avião militar brasileiro chegará ao ponto de também ser capaz de transportar em sua fuselagem, dentro dos tanques auxiliares, combustível para veículos terrestres no destino, o que o torna, na essência da palavra, um avião de logística militar. Já na configuração para combate a incêndios florestais, o equipamento escolhida para essa operação é o MAFFS - Modular Airborne Fire Fighting System.

FORNECEDORES E PARCEIROS
Logo acima, o piso da cabine do avião militar brasileiro suporta até 26 toneladas de carga ou até 80 soldados em assentos simples. Logo abaixo, mais uma imagem da aeronave brasileira, com um nível mínimo de conforto biológico e higiene.

Após o aval da FAB – Força Aérea Brasileira para as sugestões diretas da Embraer S.A. sobre a escolha dos parceiros de risco do projeto do Embraer KC-390, para o desenvolvimento e a produção da aeronave, a fabricante firmou parcerias com fabricantes aeronáuticos da Argentina, de Portugal e da República Tcheca. Assim a Embraer fabricará a seção dianteira da fuselagem, com a cabine de pilotagem, as asas, a seção intermediária da fuselagem e os estabilizadores vertical e horizontal. A Embraer executará também a integração dos comandos de voo, os softwares em geral, a aviônica em geral e o trem de pouso, que também produzirá, através de sua subsidiária Eleb Equipamentos Ltda.

A indústria aeronáutica da Argentina está fornecendo as portas do trem de pouso dianteiro, a porta dianteira direita, parte da rampa de acesso traseira, flaps e cone de cauda. A industria aeronáutica de Portugal está fornecendo a seção central da fuselagem, sponson e portas do trem de pouso principal e leme de profundidade. A indústria aeronáutica da República Tcheca está fornecendo a porta dianteira esquerda, portas traseiras, parte da rampa de acesso traseira e seção traseira da fuselagem.

Entre os demais fornecedores estão a americana DRS - Defense Solutions, que fornece o sistema de controle de carga embarcada; e a americana Sargent Fletcher / Cobham, que fornece o sistema de tanques auxiliares para reabastecimento em voo; entre outras. Aliás, o Embraer KC-390 é o primeiro avião de reabastecimento em voo fabricado no Brasil. Até a pouco tempo atrás, somente produtos militares importados eram usados pela FAB - Força Aérea Brasileira para reabastecimento de seus aviões de ataque leve e de superioridade aérea.

Parte do sistema fly-by-wire é fornecido pela empresa britânica BAe Systems. O sistema HUD - Head Up Display é fornecido pela brasileira AEL Systemas, uma subsidiária da empresa israelense Elbit Systems. A americana IAE - International Aero Engines é a fornecedora dos motores. A empresa chilena ENAER - Empresa Nacional de Aeronáutica de Chile é uma parceira de décadas da Embraer S.A. no fornecimento de peças, partes e componentes e mais uma vez a indústria aeronáutica chilena marca sua presença dentro de um projeto aeronáutico brasileiro.

Outra parceira de projetos brasileiros é a indústria aeronáutica de Portugal, dessa vez com participação da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, que, aliás, é uma subsidiária da Embraer S.A., e a EFA - Empresa de Engenharia Aeronáutica, ambas fabricando a seção central da fuselagem, os sponsons do trem de pouso e o profundor. A indústria aeronáutica da República Tcheca, na Europa Ocidental, fornece, por meio da Aero Vodochody, a seção traseira da fuselagem do avião militar brasileiro, suas portas laterais, porta de tripulação, escotilhas, porta de emergência e rampa traseira de carga.

A nossa vizinha Argentina participa do programa Embraer KC-390 por meio da FADEA - Fábrica Argentina de Aviones, com o fornecimento de spoilers, portas do trem de pouso dianteiro, porta da rampa traseira de acesso à cabine de carga e armário eletrônico.

As asas, as longarinas, a seção dianteira da fuselagem, uma parte da seção traseira da fuselagem e parte da empenagem são fabricadas pela própria Embraer S.A., em suas unidades de Botucatu (Neiva), Gavião Peixoto, São José dos Campos e Portugal.

Os atuadores de comandos de voo e a APU - Auxiliary Power Unit são fornecidos pela americana Collins Aerospace / UTAS; a brasileira ELEB - Equipamentos Ltda, uma subsidiária da Embraer S.A. é a fornecedora do trem de pouso; a francesa Messier-Bugati-Dowty é a fornecedora das rodas, do sistema de freios de carbono, a também frances Liebherr Aerospace é a fornecedora de sistemas de controle de pressurização e ar condicionado / aquecimento; a americana Esterline Control Systems é a fornecedora da manete de potência e outros controles; a brasileira LH Colus é fornecedora de assentos e macas e a francesa Labinal Power Systems é a fornecedora do sistema elétrico.

MERCADO
Logo acima, imagens do roll-out do avião em 2014, uma apresentação oficial a autoridades e jornalistas convidados do protótipo já montado. Logo abaixo, mais um modelo sendo apresentado à imprensa e autoridades, saindo do seu hangar de fabricação na unidade da Embraer S.A.em Gavião Peixoto, interior do Estado de São Paulo.

O projeto da aeronave de transporte militar aéreo Embraer KC-390 é o resultado de um estudo de mercado detalhado e profundo realizado por executivos da Embraer, que conseguiram identificar uma faixa de mercado na qual atualmente o principal produto em serviço é o Lockheed Martin C-130 Hércules, com praticamente o mesmo tamanho do novíssimo jato militar brasileiro de transporte tático e estratégico. Os executivos da Embraer perceberam que essa é uma faixa carente de cerca de 700 aeronaves do porte do KC-390 para os próximos 10 anos.

O Lockheed Martin C-130 Hércules é um bom turboélice quadrimotor para uso militar, mas é uma aeronave de concepção antiga e é um quadrimotor, e quadrimotores têm custo operacional mais elevado que bimotores do mesmo tamanho. Está configurada então a oportunidade de entrada da Embraer nessa faixa de mercado.

O projeto do Embraer KC-390 foi concebido como uma plataforma aberta, ou seja, a Embraer não descarta a probabilidade ou possibilidade futura de incluir novas características ao modelo, adaptando-o para o transporte civil de cargas aéreas, encomendas postais dos Correios, por exemplo. Tudo vai depender da demanda por esse tipo de serviço de encomendas expressas, ou seja, se houver pedidos suficientes de operadoras civis interessadas essas novas características podem ser acrescentadas.

Os executivos e investidores da Embraer S.A. acreditam que um dos principais mercados potenciais compradores do jato militar bimotor Embraer KC-390 é a América Latina, pois, entre outros fatores, o Brasil é um país com um relacionamento geopolítico bem razoável com esses países, com décadas seguidas praticamente sem conflitos graves e sérios sobre territórios, econômicos e de ideologia. Outro fator que provavelmente pesará a favor do avião brasileiro é o preço, que se posiciona numa faixa competitiva, ao lado e um pouco abaixo do seu principal concorrente Lockheed C-130 Hercules.

Segundo algumas fontes, o preço de tabela do avião está entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões por unidade, dependendo da configuração escolhida, dos opcionais (equipamentos) solicitados e do pacote de peças de reposição e treinamento, mas é possível que grandes compradores governamentais estrangeiros consigam descontos sobre o preço de tabela na aquisição de pacotes com mais de 10 unidades, acompanhadas de peças de reposição e treinamento de pilotos e mecânicos.

Entre os compradores governamentais já confirmados e firmes estão Argentina, Colômbia, Chile, Portugal e República Tcheca.

Com o recente rompimento litigioso do acordo entre a Embraer S.A. e a Boeing Company sobre a nova joint venture Boeing Commercial Brasil, para fabricação de aeronaves comerciais, ainda não se sabe ao certo se o acordo entre as duas empresas para a comercialização conjunta do Embraer C-390 Millennium será mantido normalmente. Esse nome comercial Millenium foi escolhido pela Boeing, não é impossível, portanto, que a aeronave volte a se chamar Embraer KC-390.

É uma pena.

FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
  • Capacidade: Até 80 soldados;
  • Capacidade: Até 66 paraquedistas;
  • Capacidade: Até 74 macas e 8 paramédicos;
  • Tripulação: 1 piloto, 1 co-piloto e 1 ou 2 operadores auxiliares;
  • Comprimento: Aprox. 36 metros;
  • Envergadura: Aprox. 35 metros;
  • Altura: Aprox. 12 metros;
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 820 km / h;
  • Motorização (potência / empuxo): 2 X IAE V2500 (31.300 libras / cada);
  • Aviônicos: Rockwell Collins ProLine Fusion;
  • Head Up Display: AEL Sistemas;
  • Radar: Selex Galileo;
  • Sistema REVO: WARP Cobham 912;
  • Teto de serviço: Aprox. 11.000 metros;
  • Peso máximo de decolagem: Aprox. 82.000 kg;
  • Capacidade de transporte: Até 26 toneladas;
  • Alcance: Aprox. 2.500 quilômetros (carga máxima / 75% potência / com reservas);
  • Preço: US$ 50 milhões (básico, sem opcionais);

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