ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ( PARTE 1)

VANTAGEM COMPETITIVA
SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA
ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO
ARRANJO FÍSICO E LAYOUT
PROCESSO DE PROGRAMAÇÃO
POLÍTICAS DE CAPACIDADE

INTRODUÇÃO



A administração da produção é uma das partes da Administração que administra os recursos físicos e materiais da empresa que possui um processo produtivo. Ela está diretamente relacionada à produção de um bem qualquer, por isso é mais comum o uso da expressão administração da produção em empresas que possuem processo produtivo, como, por exemplo, indústrias, agroindústrias, mineradoras, construtoras e empreiteiras que executam obras de infraestrutura.

Os principais objetivos da administração da produção são alcançar um alto nível de eficiência e eficácia no emprego de recursos produtivos, como matérias primas e insumos, por exemplo. A palavra eficiência é usada para designar a utilização adequada dos recursos materiais empregados no processo produtivo, ou seja, fazer as coisas corretamente, utilizando métodos e procedimentos adequados, com a aplicação da racionalização dos processo produtivos, evitando desperdícios, por exemplo, economizando tempo e aumentando o máximo possível o rendimento da mão-de-obra, com a redução de movimentos desnecessários. A palavra eficácia é usada para designar o alcance efetivo dos processos produtivos eficientes, ou seja, quando todo o trabalho em tornar o processo produtivo eficiente dá o resultado esperado dizemos que o processo produtivo é eficiente. A eficácia significa o alcance dos objetivos da empresa por meio de processos produtivos eficientes.

VANTAGEM COMPETITIVA


Linha de montagem do belo Ford Ecosport, em Camaçari, na Bahia. É o utilitário esportivo mais vendido no Brasil. Atualmente, a maior parte das grandes fabricantes multinacionais de automóveis instaladas no Brasil também produz automóveis com alta tecnologia empregada em linha de montagem.

A vantagem competitiva é um conceito criado pelo professor Michael Porter, autor do livro Advantage Competitive, no qual expõe a forma como a estratégia escolhida e seguida pela organização pode resultar em sucesso competitivo.

Em um ambiente concorrencial, o que é comum em mercados de países desenvolvidos e em países em desenvolvimento, uma vantagem competitiva é um fator que atrai e mantém clientes e / ou consumidores de produtos e serviços, é um diferencial competitivo de uma empresa em relação às demais empresas atuantes no mesmo mercado.

Não é fácil ser diferente e, ao mesmo tempo, manter-se elegante e atraente para o consumidor, em meio a muitas opções que ele tem à disposição no mercado, é necessária uma boa dose de bom senso para não exagerar na dose de originalidade.

Segundo Michael Porter, a vantagem competitiva está relacionada ao valor que determinada empresa consegue criar em seu produto ou serviço para os seus clientes. Por exemplo, um eletrodoméstico que consome menos energia elétrica que seus concorrentes de mesma capacidade.

Outro exemplo, um bonito vestido, bem desenhado, elegante, ou seja, sem excessos de decotes e com corte não muito acima dos joelhos, pode ter um significado especial para uma jovem executiva ou secretária, que quer causar uma boa impressão aos seus colegas de trabalho, em uma reunião importante com muitos executivos conhecidos presentes. Nesse caso, o fabricante do vestido conseguiu criar e oferecer à jovem um valor de sobriedade e elegância no produto, o vestido. É um produto adequado para aquele ambiente no qual a jovem está inserida. Para ela isso tem importância, é mais do que um vestido, é quase um recado: “Vejam como levo o meu trabalho a sério”.

Segundo Michael Porter, o termo valor também está relacionado ao benefício criado pelo fabricante ou prestador de serviço, e que ultrapassa o seu custo de produção, resultando em lucro.

A vantagem competitiva é uma característica ou um conjunto de características que torna uma empresa fabricante de produtos ou prestadora de serviços diferente das demais, sob o ponto de vista dos clientes, diferenciando-se da concorrência e, por isto, obtendo vantagem no mercado.

Outro exemplo, o leite é um produto comum produzido aqui no Brasil. É um alimento, é um produto físico e tangível, é um bem de consumo perecível, ou seja, deve ser consumido em um período curto de tempo, com exceção óbvia do leite longa vida, que tem um prazo de validade um pouco maior. É um alimento delicado, que passa obrigatoriamente por uma etapa do processo de industrialização chamado pasteurização. O leite é rico em cálcio e outros nutrientes, e só pode ser conservado em embalagem plástica a baixas temperaturas, com exceção do leite longa vida UHT em embalagem própria de papel.

Provavelmente, o leite de vaca é um dos alimentos com o maior ciclo de vida que existe na face da terra, o seu eventual substituto mais conhecido é o leite vegetal de soja, que atualmente passa por um processo de industrialização que lhe acrescenta uma variedade de sabores adocicados, mas, aparentemente, não há disposição da humanidade de trocar definitivamente o leite de vaca pelo leite de soja, acredita-se que os dois produtos sobreviverão ainda por muito tempo.

SISTEMAS FLEXÍVEIS DE MANUFATURA

Para produzir com o máximo de eficiência possível é necessário que a organização escolha o sistema de produção mais adequado para cada produto ou serviço, com os insumos e os meios de produção mais adequados, portanto em cada empresa existe, ou deve sempre existir, características específicas de estrutura organizacional.

Com o avanço da competitividade em um mundo globalizado, em que nos países emergentes e países desenvolvidos há variedades de opções de produtos e serviços disponíveis para vários bolsos e gostos diferentes, a flexibilidade dos sistemas de manufatura passa a ser então, em certa medida, importante, e há casos em que é fundamental para a sobrevivência de vários tipos de empresas.

Os sistemas flexíveis de manufatura executam vários processos diferentes, ou não totalmente idênticos, para produção de diversos bens diferentes, ou também não totalmente idênticos. Sistemas flexíveis de manufatura envolvem um grande número de componentes, máquinas, equipamentos e pessoas envolvidas no processo de produção, que interagem de maneira diversificada, manipulando um grande conjunto de informações e materiais.

Esse sistema é caracterizado pela produção de pequena ou média quantidade de numerosos produtos diferentes, ou não totalmente idênticos, que utilizam um conjunto comum de equipamentos, máquinas e pessoas envolvidas no processo de produção.

Talvez, a indústria têxtil, de um modo geral, seja um dos melhores exemplos de flexibilidade dos sistemas de produção, na qual há necessidade de produzir uma variedade de camisetas, camisas, vestidos, calças, saias e outros itens de vestuário, com cores diferentes, cortes diferentes, tecidos diferentes, costuras diferentes, estampas diferentes e tamanhos diferentes.

Por isso e por outros motivos, provavelmente a indústria têxtil e a indústria calçadista sejam algumas das organizações com fins lucrativos mais difíceis de administrar, principalmente no Brasil.

ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO

Para montar uma estratégia de produção, alguns autores recomendam que se leve em consideração três perspectivas:
  • A estratégia de produção é uma iniciativa de cima para baixo (dos investidores e principais executivos da organização para os níveis intermediários e operacionais) do que o grupo deseja fazer;
  • A estratégia de produção é uma atividade de baixo para cima, em que as melhorias de produção acumuladas, frutos da experiência adquirida durante o processo, ajudam a construir a estratégia;
  • A estratégia de produção envolve identificar e interpretar o que o mercado deseja ou precisa consumir;

ARRANJO FÍSICO OU LAYOUT

O arranjo físico é uma das características mais perceptíveis de uma operação produtiva, porque determina sua forma e aparência. Mas a importância do arranjo físico vai além disso, por que por meio dele obtém-se maior eficiência e eficácia do layout das áreas produtivas. O arranjo físico é a maneira segundo a qual os recursos  transformados (materiais, informações e clientes) fluem pela operação.

Deseja-se alcançar com o arranjo físico ou layout maior eficiência e segurança das áreas produtivas, limitando o acesso de clientes e funcionários não autorizados às áreas consideradas perigosas; melhor circulação dos clientes pelas prateleiras, gôndolas, vitrines e balcões dos supermercados e lojas; fluxo claro e sinalizado de clientes e mão de obra; conforto de mão de obra, no sentido de dispor máquinas, equipamentos e instalações de forma a evitar ou reduzir o risco de LER's, ou seja, lesões por esforços repetitivos, nos funcionários; facilitar o acesso às máquinas, equipamentos e instalações para limpeza e manutenção adequadas; localização adequada da mão de obra e dispositivos de comunicação para facilitar a coordenação e supervisão; uso adequado do espaço destinado à produção para evitar desperdício de espaço; flexibilidade dos arranjos físicos, de modo a permitir mudança de arranjo quando houver necessidade de aumento de produção, como consequência de aumento de demanda.

EXEMPLO DE PROCESSO

O leite é um alimento perecível, rico em cálcio e outros nutrientes, portanto há necessidade de manter sua temperatura controlada e baixa na maior parte das fases do seu processo de produção, para evitar reprodução de bactérias, desde a fase de coleta do produto, temporariamente em resfriadores na zona rural, passando pelo processo de pasteurização e embalagem e, finalmente, a entrega do produto pronto nos supermercados.
  • 1ª Fase / Aprazamento: Por se tratar de produto perecível, o ideal é que a coleta do produto na zona rural pelos caminhões tanque seja diária e o tempo total estimado para coleta e transporte do produto até os laticínios não ultrapasse 24 horas. Por uma razão óbvia, o método de sequenciamento escolhido para a execução desse processo de produção é PEPS - Primeiro Que Entra, Primeiro Que Sai;
  • 2ª Fase / Roteiro: Após a chegada ao laticínio, deve-se dar início imediato ao processo de industrialização do produto, e também nesta fase o ideal é que esse processo todo não passe de 24 horas. O processo inclui a pasteurização (esterilização por aquecimento do produto para matar bactérias) e, posteriormente, a embalagem. A programação para frente é a mais adequada, para evitar atrasos no processo de industrialização e na entrega do produto nos supermercados.
  • 3ª Fase / Emissão de Ordens: Por se tratar de produto perecível, a emissão de ordens para todas as etapas deve ser ágil. Por isto é recomendável que seja o mais simples e inteligível possível para evitar interpretações ambíguas. Desde a coleta da matéria prima na zona rural, disponível nos tanques dos resfriadores, passando pelo processo de industrialização nos laticínios e, finalmente, o transporte do produto pronto dos laticínios até os supermercados e padarias, é necessária emissão de ordens para evitar confusões, equívocos e desentendimentos.
  • 4ª Fase / Liberação da Produção: Teoricamente, esta fase de programação da produção estaria relacionada a todas as etapas do processo de produção, que no caso apresentado aqui seriam as etapas de coleta do produto na zona rural e o transporte até o laticínio, seguido do processo de industrialização do produto e, finalmente, a entrega do produto no varejo. Porém sugere-se aqui aos meios acadêmicos mais um sentido para esta expressão ou termo liberação da produção: Esta fase de liberação da produção também deveria ser ágil e executada após as coletas e análises de amostras do leite industrializado já nas embalagens plásticas ou caixinhas, executadas pelo pessoal do laboratório do laticínio, dentro de um contexto de controle de qualidade. É válido alertar para a necessidade de coleta de amostras em todas as etapas do processo de industrialização do leite no laticínio, desde a chegada do caminhão tanque com o leite trazido da zona rural, após o processo de pasteurização e, finalmente, após a embalagem. Se houver problemas de higiene durante o processo de embalagem, por exemplo, então obviamente esse problema seria detectado pelo pessoal do laboratório do laticínio, após a coleta de amostras do leite já nas embalagens.


NATUREZA DE DEMANDA

Há operações de produção de bens ou prestação de serviços que são razoavelmente previsíveis a longo e médio prazos, operações em que é possível prever com razoável antecedência a demanda futura por bens ou prestação de serviços. Porém, há também situações em que não é possível prever a demanda futura por bens ou serviços, portanto há o que se costuma chamar de incerteza de demanda.
Quando há incerteza de demanda futura o planejamento é mais difícil, e quando há mudança imprevista ou imprevisível nos cenários econômicos, sociais e políticos, ou quando há introdução de uma nova tecnologia de produção no mercado, há necessidade de replanejamento para realinhar a organização em relação às novas tendências. Neste caso, há necessidade de fazer uma adaptação nas atuais técnicas de controle de produção ou mudar as técnicas de controle para acompanhar as mudanças ou evolução da tecnologia de produção.

No caso de demanda dependente, quando há previsibilidade de demanda e quando a organização se dispõe a atender os pedidos de clientes, a operação de produção será iniciada somente quando for necessário, para atender cada pedido.

POLÍTICAS DE CAPACIDADE

As decisões tomadas pelos gerentes de produção no contexto de planejamento das políticas de capacidade das organizações podem afetar ou provocar mudanças no desempenho delas. A seguir três aspectos, positivos e negativos, relacionados a essas decisões:
1º Aspecto = Níveis de capacidade muito acima da produção realizada para atender a demanda podem resultar em subutilização de capacidade e, portanto, alto custo unitário do produto.
2º Aspecto = Por outro lado, as receitas serão afetadas positivamente se houver equilíbrio entre capacidade e demanda, ou seja, níveis de capacidade iguais ou pouco superiores possibilitarão que toda a demanda seja atendida satisfatoriamente, assim não haverá perda de receitas e, provavelmente, não haverá perda de clientes para empresas concorrentes, o que quase sempre acontece quando uma empresa não tem condições de atender num prazo razoável os pedidos dos clientes.
3º Aspecto = A qualidade (produção de bens ou prestação de serviços dentro do padrão adotado pela organização e satisfatório ao cliente) dos bens ou serviços produzidos poderia, eventualmente, ser afetada negativamente como consequência da contratação de pessoal temporário, como consequência e como suposta solução apressada para a incapacidade de produção para atender ao aumento de demanda.
Este é um ponto delicado sob diversos ângulos, e um desses ângulos é aquilo que os trabalhadores mais novos e sem experiência costumam interpretar com a seguinte frase: “Se não me dão oportunidade de fazer algo para o qual ainda não tenho prática ou habilidade, então como posso adquirir experiência para fazer melhor?”
De fato é um círculo vicioso: Sem oportunidade não há habilidade, não há experiência, o talento inato, ou seja, a aptidão para desenvolver atividades não é cultivado, não é colocado em prática, como semente sem terra e água não nasce ou não brota.
Talvez a solução para esse problema seja o investimento da organização em treinamento dos seus funcionários.


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REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
  • Unigran - Universidade da Grande Dourados
  • Revista Globo Rural: Imagem
  • Grupo Votorantim: Imagem

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